Senhores Atenienses, Ouçam!

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Bíblia não é um "closet vazio" a respeito da homossexualidade

Existe uma insistente troca de acusações de manipulação da Bíblia entre os apologistas da homossexualidade e os apologistas da heterossexualidade.

Em artigo publicado na revista lésbica brasileira “Um Outro Olhar” (dez. 2002–fev. 2003, p. 24), a escritora Stella C. Ferraz, autora de romances lésbicos, que participou de um curso sobre a Bíblia e a homossexualidade numa igreja “de orientação anglicana” em Nova York, em maio de 2002, afirma que “a Bíblia é um “closet” vazio, não há nada de específico sobre homossexualidade, nada nos diz sobre ela, tal como é entendido hoje”. Stella Ferraz está equivocada, tem sido mal assessorada.

Não há como negar: os homossexuais e seus defensores têm cometido uma tremenda injustiça contra alguns personagens bíblicos. A relação das pessoas atingidas é cada vez maior. Eles mancham o nome e o caráter de alguns dos mais notáveis vultos da história bíblica, ora com maliciosas sugestões ora com declarações absurdas. Dizem que formam pares de homossexuais: José e Potifar, Rute e Noemi, Davi e Jônatas, o centurião e o seu servo que estava quase à morte (Lc 7.1-3), Paulo e Timóteo. Dizem irresponsavelmente que o espinho na carne de Paulo era a sua tendência homossexual. A mais irreverente de todas as intrigas, deixamos de citar em respeito à pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Ora, qualquer pessoa que conhece seriamente a Bíblia é obrigada a interpretar essas falsas insinuações como um feio artifício de defesa própria.

Mas é bom admitir que, às vezes, os cristãos, em seu ardor de defender a ortodoxia, estão também sujeitos a cair na tentação de usar a Palavra de Deus a torto e a direito. Na análise da destruição de Sodoma e Gomorra, a passagem esclarecedora de Ezequiel permaneceu oculta por muito tempo entre os evangélicos: “Este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados” (Ez 16.49, NVI). À luz dessa informação, o pecado de Sodoma e Gomorra não foi apenas de ordem sexual, mas também de ordem social. Aos homossexuais é preciso dizer a mesma coisa na ordem inversa: o pecado de Sodoma e Gomorra não foi apenas de ordem social, mas também de ordem sexual.

Os homossexuais fazem uma tremenda resistência a um dos motivos da destruição de Sodoma e Gomorra. A própria escritora Stella Ferraz foge do que está registrado e diz que o atentado dos homens de Sodoma “tem a ver com estupro coletivo, humilhação e violência e não com homossexualidade”. Mas a Bíblia é taxativa: a multidão de homens tresloucados, “dos mais jovens aos mais velhos”, cercou a casa de Ló e exigiu dele: “Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles” (Gn 19.4,5). Corrobora essa versão a pequena Epístola de Judas: “Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais” (Jd 7, NVI). Outras versões dizem que os sodomitas se entregaram “a vícios contra a natureza”. Afinal, o que é sodomia, sodômico, sodomita, sodomítica e sodomizar? Basta abrir o Aurélio: sodomia é a junção da palavra “Sodoma” com “ia” e quer dizer: “conjunção sexual anal, entre homem e mulher, ou entre homossexuais masculinos”.

Os apologistas de ambas as correntes são culpados de não misturar a “dura lex” com a “sola gratia”. Os homossexuais fazem questão de salientar a “sola gratia”: “a Bíblia”, lembra a já citada Stella Ferraz, “tem muito a dizer sobre a graça de Deus, sua justiça e misericórdia”. Alguns evangélicos fazem questão de salientar a “dura lex”: todos os homossexuais serão jogados no inferno e “serão atormentados dia e noite para todo o sempre” (Ap 20.10).

A verdade definitivamente não está do lado do comportamento homossexual!

Não podemos lutar contra a verdade, mas só a favor da verdade
 2 Coríntios 13.8.

1. Por causa do padrão do ato criador de Deus

Deus nos criou homem e mulher, macho e fêmea. Com anatomia e órgãos sexuais diferentes e complementares, de forma que sentíssemos originalmente atração um pelo outro (Gn 1.27).

2. Por causa do que aconteceu a Sodoma e Gomorra

O livro de Gênesis menciona três vezes a situação moral de Sodoma. Na primeira passagem lê-se que ali “vivia uma gente má, que cometia pecados horríveis contra o Senhor” (Gn 13.13, NTLH). Na segunda, lê-se que o Senhor disse a Abraão: “Há terríveis acusações contra Sodoma e Gomorra, e o pecado dos seus moradores é muito grave” (Gn 18.20, NTLH). A terceira passagem confirma as anteriores e apresenta fatos: a população masculina de Sodoma cercou a casa de Ló e pediu-lhe para trazer para fora os dois homens que ele hospedava pois queriam ter relações homossexuais com eles (Gn 19.5). Mesmo havendo outra acusação grave contra ambas as cidades — arrogância e abuso dos pobres (Ez 16.49-50) — o pecado mais conhecido não é abrandado. A Epístola de Judas recorda apenas o pecado do homossexualismo: as cinco cidades da planície comparecerão perante o juízo do grande dia porque “se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais” (Jd 7).

3. Por causa da necessidade de haver uma lei explícita sobre o assunto

Já que a prática homossexual havia se tornado comum entre os povos no meio dos quais os israelitas viviam (Lv 18.1-5), tanto no Egito (de onde estavam saindo) como em Canaã (para onde estavam indo), a lei dizia: “Nenhum homem deverá ter relações com outro homem; Deus detesta isso” (Lv 18.22). Paulo faz menção a essa lei anti-homossexual na Primeira Epístola a Timóteo (1.10).

4. Por ser algo permitido por Deus como forma de castigo

Quando a rejeição e depravação continuam, Deus retira o freio e entrega “os seres humanos aos desejos do coração deles para fazerem coisas sujas e para terem relações vergonhosas uns com os outros” (Rm 1.24, NTLH). Deus abre e escancara as portas que ele mantinha até então fechadas. Ele levanta a âncora do navio seguro no porto e deixa que as ondas do mar revolto o levem para bem longe. Então, “até as mulheres trocam as relações naturais pelas que são contra a natureza”. Os homens por sua vez, “deixam as relações naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outros” (Rm 1.26-27, NTLH).

5. Por causa do resultado final

Há uma declaração enfática de que nem os homossexuais passivos (os malakoi) nem os homossexuais ativos (os arsenokoitai) terão parte no reino de Deus, bem como outros pecadores empedernidos (“duros como uma pedra”), tais como os adúlteros, idólatras, avarentos, trapaceiros, ladrões etc. (1Co 6.9-11). Essa passagem é corroborada duas vezes em Apocalipse: “Os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre” (Ap 21.8; 22.15).




TCHAU, GONDIM

A Editora Ultimato, com sede na cidade mineira de Viçosa, na Zona da Mata, é membro da AEVB (Associação Evangélica Brasileira) e da AsEC (Associação de Editores Cristãos). Fundada em 1968 com a publicação de Ultimato, um tablóide de oito páginas em papel jornal, hoje a revista Ultimato, começou a publicação de livros em 1993, tendo hoje mais de 100 títulos em catálogo.

Ultimato acredita que toda Escritura, além de inspirada por Deus, é também útil. Isso faz
diferença. Não mexemos no conteúdo bíblico, mas nos damos a liberdade de colocá-lo numa embalagem nova. Relacionamos Escritura com Escritura e Escritura com acontecimentos. Trabalhamos para criar uma mentalidade bíblica e ensinar a arte de encarar os acontecimentos sob uma perspectiva cristã.


 
CARTA DE DESPEDIDA DA ULTIMATO
RICARDO GONDIN

Após quase vinte anos, fui convidado a “des-continuar” minha coluna na revista Ultimato. Nesta semana, recebi a visita de Elben Lenz Cesar, Marcos Bomtempo e Klênia Fassoni em meu escritório, que me deram a notícia de que não mais escreverei para a Ultimato. Nessa tarde, encerrou-se um relacionamento que, ao longo de todos esses anos, me estimulou a dividir o coração com os leitores desta boa revista. Cada
texto que redigi nasceu de minhas entranhas apaixonadas.


Fui devidamente alertado pelo rev. Elben de que meus posicionamentos expostos para a revista Carta Capital trariam ainda maior tensão para a Ultimato. Respeito o corpo editorial da Ultimato por não se sentir confortável com a minha posição sobre os direitos civis dos homossexuais. Todavia, reafirmo minhas palavras: em um estado laico, a lei não pode marginalizar, excluir ou distinguir como devassos, promíscuos ou pecadores, homens e mulheres que se declaram homoafetivos e buscam constituir relacionamentos estáveis. Minhas convicções teológicas ou pessoais não podem intervir no ordenamento das leis.


O reverendo Elben Lenz Cesar, por quem tenho a maior estima, profundo respeito e eterna gratidão, acrescentou que discordava também sobre minha afirmação ao jornalista de que “Deus não está no controle”. Ressalto, jamais escondi minha fé no Deus que é amor e nos corolários que faço: amor e controle se contradizem. De fato, nunca aceitei a doutrina da providência como explicitada pelo calvinismo e não consigo encaixar no decreto divino: Auschwitz, Ruanda ou Realengo. Não há espaço em minhas reflexões para uma “vontade permissiva” de Deus que torne necessário o orgasmo do pedófilo ou a crueldade do genocida.


Por último, a Klênia Fassoni advertiu-me de que meus Tweets, somados a outros textos que postei em meu site, deixam a ideia de que sou tempestivo e inconsequente no que comunico. Falou que a minha resposta à Carta Capital sobre a condição das igrejas na Europa passa a sensação de que sou “humanista”. Sobre meu “humanismo”, sequer desejo reagir. Acolho, porém, a recomendação da Klênia sobre minha inconsequência. Peço perdão a todos os que me leram ao longo dos anos.


Quaisquer desvarios e irresponsabilidades que tenham brotado de minha pena não foram intencionais. Meu único desejo ao escrever, repito, foi enriquecer, exortar e desafiar possíveis leitores.

Resta-me agradecer à revista Ultimato por todos os anos em que caminhamos juntos. Um pedaço de minha história está amputada. Mas a própria Bíblia avisa que há tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou. Meu amor e meu respeito pela família do rev. Elben, que compõe o corpo editorial da Ultimato, não diminuíram em nada.


Continuarei a escrever em outros veículos e a pastorear minha igreja com a mesma paixão que me motivou há 34 anos.

Ricardo Gondim

OBS: Ricardo Gondim é um dos principais defensores, se não for o principal no Brasil, da Teologia Relacional ou Teísmo Aberto, que apregoa que Deus não controla todos os acontecimentos, pois ele acha que amor e controle se contradizem. Um corolário absurdo. Bye, Bye, Bye - Gondim...........

Jeferson Roberto