A
marca distintiva da sociedade contemporânea é a superficialidade
- Somos rasos em nossas avaliações - Falta-nos reflexão - Falta-nos introspeção;
- Estamos atarefados demais e cansados demais para examinarmo-nos a nós mesmos;
- Corremos atrás de coisas e perdemos relacionamentos;
- Sacrificamos no altar das coisas urgentes, as coisas que de fato são importantes;
- Falamos demais, amamos raramente e odiamos frequentemente;
- Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos;
- Fomos e voltamos à lua, mas temos dificuldade de cruzar a rua e encontrar um novo vizinho;
- Conquistamos o espaço sideral, mas não o nosso próprio espaço;
- Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores;
- Limpamos o ar, mas poluímos a alma;
- Dominamos o átomo, mas não nosso preconceito;
- Construímos mais computadores para armazenar mais informação, mas nos comunicamos cada vez menos;
- Estamos na era do fast-food e da digestão lenta;
- Do homem grande de caráter pequeno;
- Lucros acentuados e relações vazias;
- Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Sabe
qual o paradoxo do nosso tempo?
“Multiplicamos
nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Solilóquio é conversar consigo mesmo. É olhar nos olhos
daquele que vemos no espelho e enfrentá-lo sem subterfúgios. É entrar pelos
corredores da alma e não escapar pelas vielas laterais. É lidar com o nosso mais difícil interlocutor. É falar com o nosso
mais exigente ouvinte. A introspecção, porém, é uma viagem difícil de
fazer. Olhar para dentro é mais difícil do que olhar para fora. É mais fácil falar para uma multidão do que
conversar com a nossa própria alma. É mais fácil exortar os outros do que corrigir
a nós mesmos. É mais fácil consolar os aflitos, do que encorajar-nos a nós
mesmos. É mais fácil subir ao palco e pregar para um vasto auditório do que
conversar com aquele que vemos diante do espelho.
O salmista, certa feita, estava muito triste e percebeu que
precisava endereçar sua voz não para fora, mas para dentro. Então disse: “Por
que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em
Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). É
preciso dizer à nossa alma que a tristeza não vai durar para sempre. Devemos
levantar nossos olhos e saber que Deus está no controle da situação, ainda que
agora isso não seja percebido pelos nossos sentidos. Devemos proclamar, em alto
e bom som para nós mesmos, que o louvor e não o gemido; a alegria e não o choro
é que nos esperam pela frente. Não nos alarmemos com nossas angústias;
consolemo-nos com as promessas de Deus.
Não basta reflexão, é preciso introspecção. Não basta
falarmos aos outros, precisamos falar a nós mesmos. Não basta lançarmos mão do
diálogo, precisamos de solilóquio. O salmista, disse certa feita: “Volta minha
alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo” (Sl 116.7).
Muitas vezes, ficamos desassossegados, quando deveríamos estar em paz. Curtimos
uma grande dor na alma, quando deveríamos estar experimentando um bendito
refrigério. E por que? Porque deixamos de pregar para nós mesmos. Deixamos de
exortar nossa própria alma. Deixamos de fazer viagens rumo ao nosso interior.
Deixamos de conversar diante do espelho. Deixamos o solilóquio. É preciso
alertar, entretanto, que o solilóquio só é saudável, quando estamos na presença
de Deus, quando nossa esperança está em Deus, quando encontramos em Deus nosso
refúgio e fortaleza, quando podemos dizer como o salmista: “Espera em Deus,
pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.
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