Os profetas do Antigo Testamento faziam uma leitura da história e dos acontecimentos de maneira totalmente diferente do modo como hoje fazem os governos, os militares, os cientistas políticos, a televisão e a imprensa. Eles eram menos superficiais em suas análises e em seus recados. Não tomavam o nome de Deus em vão, mas o metiam em tudo. Eles eram profundamente religiosos, mas não fanáticos. A análise deles era global, e não nacionalista. Eles falavam das desgraças próprias e das desgraças alheias. Eles enxergavam a mão de Deus em tudo: na fartura e na fome, na paz e na guerra, na vitória e na derrota, na tranqüilidade e na tragédia. Não temiam seus próprios governos nem os governos das nações estrangeiras. Na visão dos profetas, Deus obviamente supervisiona o curso da ação humana para atingir sempre seus bons e determinados propósitos (At 2.23; 4.28). Por isso Paulo garante que “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Rm 8.28).
A navalha alugada
Quando a Assíria estava para conquistar a região sul de Israel (o reino de Judá), no ano 701 a.C., depois de haver dominado a região norte (o reino de Samaria), 21 anos antes, o profeta Isaías teve a coragem de explicar que aquela nação era “uma navalha alugada do outro lado do rio” para raspar “a cabeça e os pêlos do corpo e também a barba” dos judeus (Is 7.20). O verbo alugar indica tanto a instrumentalidade como a transitoriedade da ação assíria. Em outra fala, o profeta mostra que a Assíria era a vara da ira de Deus, o seu próprio bastão colocado nas mãos de uma nação ímpia, embora ela não soubesse disso e ainda se vangloriasse de seu poderio bélico, dando mais importância ao machado (o mero instrumento) do que ao Lenhador (o que manejava a ferramenta). Era por meio da Assíria que Deus estava castigando Israel e outras nações (Is 10.5-16).
A marreta de Deus
Cerca de 100 anos depois, quando Nabucodonosor tornou-se rei da Babilônia (605 a.C.), o profeta Jeremias teve a ousadia de explicar que ele (o rei) era servo de Deus (Jr 25.9) e a marreta de Deus (Jr 50.23; 51.20). Por meio dessa marreta, ou martelo ou macete, ou malho, ou porrete, Deus amassa, despedaça, destrói, esbagaça, esmaga, esmigalha, espanca, maceta, malha, martela, mata, parte, quebra e rebaixa as nações, seja o povo eleito, sejam os gentios (todos estes verbos aparecem no texto de Jr 51.20-23 em diferentes versões). À semelhança da Assíria, a Babilônia também não tinha plena consciência de que era apenas um martelo eventualmente nas mãos de Deus, que é o Senhor de tudo e de todos. Embora usada por Deus, a Babilônia era responsável por tudo o que fazia, assim como os irmãos de José foram culpados da inveja, do ódio e do crime cometido contra o filho de Jacó e Raquel, e, ao mesmo tempo, instrumentos para que o rapaz se mudasse para o Egito e se tornasse o administrador dos anos das vacas gordas e das vacas magras (Gn 45.4-9). Por isso a própria Babilônia sofreria também o juízo de Deus: “A Babilônia quebrou o mundo a marretadas, e agora a marreta está quebrada em pedaços! Todas as nações estão espantadas vendo o que aconteceu com a Babilônia!” (Jr 50.23).
O amigo de Deus
Ciro, o rei da Pérsia, ocupou a Babilônia no ano 539 a.C. Ele não foi “a navalha alugada” nem “a marreta de Deus”. Antes foi “o pastor de Deus” (Is 44.28), “o ungido de Deus” (Is 45.1), “o homem dos planos de Deus” (Is 46.11) e “o amigo de Deus” (Is 48.18). No primeiro ano do reinado de Ciro, Deus cumpriu a promessa que havia feito ao povo de Israel por intermédio de Jeremias (Jr 29.10) e moveu o espírito do rei da Pérsia de tal modo que ele mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, o seguinte decreto: “O Senhor, Deus do céu, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de construir-lhe um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de vós faz parte da totalidade de seu povo? Que seu Deus esteja com ele, e que ele suba a Jerusalém, terra de Judá, para participar na construção da casa do Senhor, Deus de Israel — o Deus que está em Jerusalém. E a todos os sobreviventes, onde quer que residam, as pessoas do lugar proporcionem prata, ouro, bens e animais, além de donativos espontâneos para a casa de Deus que está em Jerusalém.” (Ed 1.1-4; 2 Cr 36.22, 23)
Não mais por meio da dor, não mais por meio da guerra, não mais por meio da vergonha nacional, Deus, então, usaria outro chefe de Estado, Ciro, o grande, para realizar os seus propósitos: “Fui eu [o Senhor] que despertei Ciro para fazer justiça, e faço retos seus caminhos. Ele reconstruirá a minha cidade e porá em liberdade os meus cativos, sem pagamento e sem suborno” (Is 45.13). Ao contrário dos reis da Assíria e dos reis da Babilônia, Ciro tinha plena consciência de que o Senhor é quem segura as rédeas da história, o cabo da navalha e o cabo do machado!
A navalha alugada
Quando a Assíria estava para conquistar a região sul de Israel (o reino de Judá), no ano 701 a.C., depois de haver dominado a região norte (o reino de Samaria), 21 anos antes, o profeta Isaías teve a coragem de explicar que aquela nação era “uma navalha alugada do outro lado do rio” para raspar “a cabeça e os pêlos do corpo e também a barba” dos judeus (Is 7.20). O verbo alugar indica tanto a instrumentalidade como a transitoriedade da ação assíria. Em outra fala, o profeta mostra que a Assíria era a vara da ira de Deus, o seu próprio bastão colocado nas mãos de uma nação ímpia, embora ela não soubesse disso e ainda se vangloriasse de seu poderio bélico, dando mais importância ao machado (o mero instrumento) do que ao Lenhador (o que manejava a ferramenta). Era por meio da Assíria que Deus estava castigando Israel e outras nações (Is 10.5-16).
A marreta de Deus
Cerca de 100 anos depois, quando Nabucodonosor tornou-se rei da Babilônia (605 a.C.), o profeta Jeremias teve a ousadia de explicar que ele (o rei) era servo de Deus (Jr 25.9) e a marreta de Deus (Jr 50.23; 51.20). Por meio dessa marreta, ou martelo ou macete, ou malho, ou porrete, Deus amassa, despedaça, destrói, esbagaça, esmaga, esmigalha, espanca, maceta, malha, martela, mata, parte, quebra e rebaixa as nações, seja o povo eleito, sejam os gentios (todos estes verbos aparecem no texto de Jr 51.20-23 em diferentes versões). À semelhança da Assíria, a Babilônia também não tinha plena consciência de que era apenas um martelo eventualmente nas mãos de Deus, que é o Senhor de tudo e de todos. Embora usada por Deus, a Babilônia era responsável por tudo o que fazia, assim como os irmãos de José foram culpados da inveja, do ódio e do crime cometido contra o filho de Jacó e Raquel, e, ao mesmo tempo, instrumentos para que o rapaz se mudasse para o Egito e se tornasse o administrador dos anos das vacas gordas e das vacas magras (Gn 45.4-9). Por isso a própria Babilônia sofreria também o juízo de Deus: “A Babilônia quebrou o mundo a marretadas, e agora a marreta está quebrada em pedaços! Todas as nações estão espantadas vendo o que aconteceu com a Babilônia!” (Jr 50.23).
O amigo de Deus
Ciro, o rei da Pérsia, ocupou a Babilônia no ano 539 a.C. Ele não foi “a navalha alugada” nem “a marreta de Deus”. Antes foi “o pastor de Deus” (Is 44.28), “o ungido de Deus” (Is 45.1), “o homem dos planos de Deus” (Is 46.11) e “o amigo de Deus” (Is 48.18). No primeiro ano do reinado de Ciro, Deus cumpriu a promessa que havia feito ao povo de Israel por intermédio de Jeremias (Jr 29.10) e moveu o espírito do rei da Pérsia de tal modo que ele mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, o seguinte decreto: “O Senhor, Deus do céu, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de construir-lhe um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de vós faz parte da totalidade de seu povo? Que seu Deus esteja com ele, e que ele suba a Jerusalém, terra de Judá, para participar na construção da casa do Senhor, Deus de Israel — o Deus que está em Jerusalém. E a todos os sobreviventes, onde quer que residam, as pessoas do lugar proporcionem prata, ouro, bens e animais, além de donativos espontâneos para a casa de Deus que está em Jerusalém.” (Ed 1.1-4; 2 Cr 36.22, 23)
Não mais por meio da dor, não mais por meio da guerra, não mais por meio da vergonha nacional, Deus, então, usaria outro chefe de Estado, Ciro, o grande, para realizar os seus propósitos: “Fui eu [o Senhor] que despertei Ciro para fazer justiça, e faço retos seus caminhos. Ele reconstruirá a minha cidade e porá em liberdade os meus cativos, sem pagamento e sem suborno” (Is 45.13). Ao contrário dos reis da Assíria e dos reis da Babilônia, Ciro tinha plena consciência de que o Senhor é quem segura as rédeas da história, o cabo da navalha e o cabo do machado!
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