Vez ou outra acordamos com algumas notícias que acabam nos surpreendendo, pois toda contingência própria do mundo dos humanos, de alguma maneira nos acomete com sentimentos de alegria, tristeza, indiferenças ou algumas indagações, do tipo – E se esse acontecimento fosse pelos motivos que estou imaginando absorto nos meus pensamentos?
Em uma decisão inesperada pela comunidade católica, o Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira que vai deixar a liderança da Igreja, abandonando o cargo no dia 28 de fevereiro. Em comunicado, o religioso disse que sua força não é mais adequada para continuar no posto devido à idade avançada e que tomou a decisão pelo bem da Igreja. O Vaticano ainda não divulgou qual será o processo para a substituição do líder, mas disse que Joseph Ratzinger deverá se recolher a um mosteiro após a escolha de seu sucessor. Ratzinger é o quarto Papa a renunciar ao cargo. A última vez que isso aconteceu foi há quase 600 anos. O próximo pontífice deve ser eleito no fim de março, segundo informações de agências internacionais.
Lembram o que escrevi “E se esse acontecimento fosse pelos motivos que estou imaginando absorto nos meus pensamentos?” Ao ouvir a notícia da renúncia do Papa, imediatamente lembrei de Lutero, monge Agostiniano, muito estudioso, que certo dia foi efizcamente ferroado pelo Espírito Santo e resolveu lutar, gritar, enfrentar tudo e todos para que sua mente continuasse honesta e cativa a Palavra de Deus.
Por que considerar Martinho Lutero? Certamente muitos evangélicos tupiniquins não dão à mínima importância a Reforma Protestante, e acabam que por falta de tantas informações não se aperceberem da sua importância na vida da igreja e da humanidade. Martin Lloyd-Jones nos fala que entre aqueles que rejeitam a memória da Reforma temos, basicamente, dois tipos de argumentação: 1) O passado não tem nada a nos ensinar. Segundo este ponto de vista, o progresso científico e o futuro é o que interessa. Firmadas em uma mentalidade evolucionista, estas pessoas partem para uma abordagem histórica de que "o presente é sempre melhor do que o passado" e assim nada enxergam na história que possa nos servir de lição, apoio, ou alerta. 2) A segunda forma de rejeição parte daqueles que vêem a Reforma como uma tragédia na história religiosa da humanidade. Estes afirmam que deveríamos estar estudando a unidade em vez de um movimento que trouxe a divisão e o cisma ao cristianismo.
Mas, como coloquei, veio logo o reformador em minha mente e sua coragem de enfrentar o papado, que na época tinha mais força nas áreas: social, política, econômica e principalmente religiosa do que atualmente. Não obstante, a esta realidade aparentemente irreversível, o monge de Eislebein foi de fato cativo a sua consciência, que estava cativa as Escrituras Sagradas.
Agora imagine comigo caro leitor que se esse acontecimento da renúncia do Bento XVI fosse pelos motivos que elenco abaixo ainda absorto nos meus pensamentos.
O senhor Joseph Ratzinger:
Redescobriu a Bíblia em sua Pureza e Singularidade
Ratzinger levado pelo Espírito Santo leria as 95 Teses de Lutero que traduzem na realidade a volta aos verdadeiros ensinamentos da Palavra. Os ensinamentos da Palavra de Deus na mente do Bento XVI estavam soterrados sob o entulho da tradição. Martin Lloyd-Jones certa feita disse que Lutero e Calvino, foram descobrindo o que Agostinho já tinha descoberto e que eles tinham esquecido, a saber, a pureza e a singularidade da Palavra. 2 Tm 2.5
Redescobriu que Pedro jamais foi Papa
O papa sendo considerado um intelectual conseguiu pela ação iluminatória do Espírito Santo fazer uma exegese e uma hermenêutica corretas do texto em Mateus. “E sobre esta pedra edificarei a minha igreja” Kaì epì taúte(i) tê(i) pétra(i) oikodoméso mou tèn ekklesían. Que estava Jesus a dizer com estas palavras: “e sobre esta pedra”? Que pedra era essa? Que tinha ela a ver com Pedro? Certamente Jesus falava em aramaico. Nessa língua, ambos os termos, Pedro e pedra, são um e o mesmo vocábulo: Kephá, transliterado como Cefas, mas Mateus os distinguiu, mui expressivamente. Então, é evidente que Pedro não é a pedra. Lingüisticamente, pétros é um fragmento, pedaço, porção da pétra, a rocha, a massa pétrea, a sólida e extensa laje, na metáfora de Jesus, de que Pedro seria parte. Linguagem figurada, qual o verdadeiro sentido de pétra? Do contexto parece claro que não se trata de fundamento político, poder e autoridade de senhorio e governo, de dignidade pessoal ou primado pontifício, mas de relação comungatória, discernimento espiritual, lucidez de crença e firmeza de convicção, polarizada na plena aceitação de Cristo como Senhor, Messias, Salvador. Em outros termos, a pétra é o reconhecimento da unicidade senhorial de Cristo, a igreja calcada nessa bendita convicção, a repousar, em seu modus essendi et operandi, na explícita e absoluta confissão de que Pedro foi o marco inicial. Mt 16.18
Redescobriu o Conceito do Pecado
Que todos pecaram e carecem da glória de Deus e que venda de indulgências ainda nos dias de hoje é uma distorção do ensino da necessidade somente da graça para a salvação e que à visão bíblica de que pecado é uma transgressão da Lei de Deus e qualquer falta de conformidade com seus padrões de justiça e santidade. Rm 3
Redescobriu que a Justificação é Somente pela Fé e negou os Cânones 9 e 10
No concílio de Trento, por exemplo, os canônes 9 e 10, escritos no auge da Contra-Reforma mas nunca ab-rogados até os dias de hoje, dizem o seguinte:
Cânon 9: Se alguém disser que o pecador é justificado somente pela fé, querendo dizer que nada coopera com a fé para a obtenção da graça da justificação; e se alguém disser que as pessoas não são preparadas e predispostas pela ação de sua própria vontade—que seja maldito.
Cânon 10: Se alguém disser que os homens são justificados unicamente pela imputação da justiça de Cristo ou unicamente pela remissão dos seus pecados, excluindo a graça e amor que são derramados em seus corações pelo Espírito Santo, e que permanece neles; ou se alguém disser que a graça pela qual somos justificados reflete somente a vontade de Deus—que seja maldito. Rm 5 e Gl 3
Redescobriu Conceito da Autoridade Vital da Palavra de Deus
A Bíblia é a Palavra de Deus, sendo infalível, inerrante e inspirada. Escrita por homens com supervisão do Espírito, conforme Pedro. O papa é falível, mas a Escritura NÃO. 2 Pe 1.16-21
Redescobriu na Palavra a Doutrina do Sacerdócio Individual
Em Cristo todo regenerado tem livre acesso ao Santo dos Santos, e que cada crente é sacerdote, sem a necessidade de um sacerdote como na vida religiosa da antiga aliança que tem continuidade na liturgia romana até os dias de hoje e que nosso sumo-pontífice é Cristo. Hb 10
Redescobriu o conceito da Soberania de Deus
O pensamento e a epistemologia Tomista influenciaram e por assim dizer moldaram a teologia romana na centralidade do homem, quando afirma seu livre-arbítrio o que Lutero reconheceu que a salvação se constituía em algo mais que uma mera convicção intelectual, pois o homem é escravo de si mesmo e a obra salvífica é unilateral. Certamente ele deixaria de ser molinista.
Como escrevi no início desse fragmento textual “absorto nos meus pensamentos”, se os motivos pelos quais da renúncia do senhor Joseph Ratzinger fossem palingenesicos,ou seja, motivos regeneradores, ele visitado pelo Espírito Santo seria certamente excomungado do catolicismo romano e seria escândalo para os romanistas do mundo inteiro, mas certamente as suas palavras seriam assim “DEPOIS DE TANTOS ANOS, POR GRAÇA E MISERICÓRDIA FUI CONVENCIDO DO PECADO, DA JUSTIÇA E DO JUIZO E, A PARTIR DAÍ COMECEI A VISITAR VÁRIAS VEZES MINHA CONSCIÊNCIA DIANTE DE DEUS, ANTES DE TOMAR TAL DECISÃO QUE CHAMARIA À ATENÇÃO DO MUNDO, MAS ESTOU TRANQUILO, POIS AGORA SEI QUE MEU ÚNICO E SUFICIENTE SENHOR E SALVADOR VIVE E QUE FORA DELE NÃO HÁ SALVAÇÃO, POIS O JUSTO VIVERÁ POR FÉ”.
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