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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cosmovisão Bíblica Reformada: Criação, Queda e Redenção

RESENHA
Jeferson Roberto Lustosa

WOLTERS, Albert. M. A Criação Restaurada: Base Bíblica para uma Cosmovisão Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 127 p. Tradução Denise Meister, do titulo original Creation regained.

            O pressuposto central da Escritura Sagrada no que concerne à existência da ordem criada é que Deus criou todas as coisas e, que esta premissa pode se constatada na estrutura da natureza nos aspectos gerais e particulares da revelação. Deus ao criar céus e terra, dispensou sua graça em toda a criação, como em todas as manifestações que o homem iria produzir em múltiplas áreas da existência humana, ou seja, a Escritura abrange as questões ordinárias da vida e, não somente a privatização da teologia como moralidade pessoal e sagrada, separando-a de um âmbito muito maior das questões humanas classificado como profano ou secular.
            Albert M. Wolters é professor associado de Religião e Teologia e, línguas clássicas no Redeemer College e autor de A Criação Restaurada. Wolters em sua obra literária busca apresentar a essência da cosmovisão bíblica e o quanto ela é significante para nossa vida global, Albert M. Wolters escreveu esse breve e objetivo exame da cosmovisão reformada.
            A cosmovisão reformada apresentada nesta obra do autor vem desconstruir o pensamento tomista de natureza e graça, que dicotomiza a vida cristã, deixando-a fragmentada em seus raios de ação.
Wolters inicia definindo a natureza e o escopo da cosmovisão, distinguindo-a da filosofia como tal e apontando a grande variedade de cosmovisões propostas dentro da comunidade cristã através da história. O autor coloca que uma cosmovisão é um guia para a vida humana e, mesmo quando ela existe de forma inarticulada e inconsciente não deixa de trabalhar como uma bússola.
A cosmovisão que deve ser vivenciada é aquela que nasce da Escritura, pois a teologia cristã olha para a Bíblia à luz das categorias básicas da criação, que Wolters vai desenvolver ao longo de sua obra.   
Então ele segue esboçando uma análise reformada de três pontos decisivos na história humana: a Criação, a Queda e a Redenção; concluindo que o mal não é condição necessária para o mundo criado e que, portanto, o mundo pode ser restaurado ao estado de perfeição. É responsabilidade cristã, argumenta Wolters, lutar por esse realinhamento com as ordenanças de Deus.
Em seu capítulo da criação ele aborda como o mundo foi criado originalmente e, quais eram os propósitos originais. A palavra de Deus na criação tem extensão nas estruturas da sociedade no mundo das artes, nos negócios, pois Deus criou as coisas para serem vividas e recebidas com ações de graça. Por isso, a revelação da criação divina comunica Sua existência e Seu domínio em todas as esferas da vida.
A idealização divina ao criar não se limitou a esfera espiritual do homem, mas no desenvolvimento holístico do homem, onde a terra criada será social e cultural, promovendo a civilização, pois leis criacionais foram validadas para o mundo da flora e da fauna, como leis validadas para a sociedade e a cultura que homem iria formar.
Na terceira parte o autor expõe a queda como outro ponto decisivo na história da revelação. Ele nos informa que a extensão da desobediência do homem atingiu o mundo não-humano também. Todas as estruturas da sociedade foram atingidas e se rebelaram contra o Criador. Com a queda a criação é mal usada e explorada para fins pecaminosos. Mesmo com a realidade do pecado, a criação não é anulada, pois sua estrutura é ancorada na lei criacional, mas a direção da criação é antagônica a pessoa de Cristo. Enfatiza que a graça comum de Deus esta em todas as áreas da criação e, dividir a criação em compartimentos de Sagrado e Profano é ter uma posição gnóstica da realidade.   
Em seu quarto capítulo Wolters fecha esta tríade do processo revelacional, discorrendo sobre a redenção, fazendo duas afirmações: a redenção significando restauração, ou seja, o retorno à bondade de uma criação original; a restauração afeta toda a vida criacional e, não apenas uma área da vida.
Neste estágio chamado redenção, não é uma questão de acrescentar uma dimensão espiritual à vida humana, mas é uma questão de dar nova vida e vitalidade àquilo que existe, pois toda a criação esta incluída no escopo da redenção em Cristo Jesus.
A renovação que é direcionada para Cristo Jesus abrange renovações sociais e pessoais, sem dualidades fragmentadoras do ser humano. Todas as coisas estão debaixo do domínio da graça de Deus e, o sistema corruptor perpetrado pelo diabo não pode criar polaridade entre o público e o privado.
A leitura da obra de Wolters é obrigatória para quem quer ter uma visão ampla no processo da revelação progressiva de Deus e, a história da redenção. O livro é relevante e pertinente, para a construção de uma cosmovisão bíblica de integralidade da criação, onde a criação foi criada originalmente, tendo sido distorcido pela queda, criação esta que não pode ser nem divinizada ou demonizada e, a providência restauradora de Deus com o Senhorio de Cristo. O autor é conciso e objetivo em sua proposta, em afirmar que a cosmovisão reformada é a única capaz de levar o mundo aos padrões prescritos nas Escrituras Sagradas.                                   



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