Vivemos em uma época de decisões radicais. A todo momento o dinheiro, o “status” social, o alto cargo no trabalho ou até mesmo os estudos cobram dos jovens que abram mão de seus princípios e valores cristãos em prol de uma vida de sucesso. Ainda na adolescência vemos as melhores faculdades e seus vestibulares escravizando milhares deles, os quais, no anseio de um futuro melhor e com mais conforto, se esquecem de viver uma vida equilibrada espiritual e socialmente para conquistar os seus objetivos. Quando estão na faculdade, boa parte dos jovens pula para o outro lado. Querem curtir a vida ao máximo e acabam perdendo a direção. Sem contar que não conseguem entregar os trabalhos e deveres e, muitas vezes, usam de vícios corrompidos do sistema universitário para alcançar o sonhado diploma.
E quando o diploma vem isso não passa. Começa a etapa de conseguir um emprego, de traçar uma carreira e de adquirir estabilidade financeira. Essa pressão que força o jovem a fazer um pouco mais, se quiser ser feliz, aumenta e reclama sempre mais dele, de uma forma que não acabam nunca as exigências. O mais triste é vê-los negociando os seus princípios com o seguinte discurso: “Vou fazer isso só por um tempo, para conquistar tal coisa, mas quando eu conseguir o que desejo, voltarei a viver o que aprendi como cristão”.
Como se pudéssemos manipular nossos valores! Pensamos que podemos usá-los a qualquer momento para ter segurança e depois largá-los temporariamente, para arriscarmos um pouco mais na vida. Isso me faz lembrar um pai que estava tentando ensinar o filho de 4 anos a nadar. Além do pai, no que mais aquela criança confiava era na borda da piscina. Mesmo sendo uma criança, sabia que enquanto segurava a borda estava segura de se afogar. Ao ver o pai no meio da piscina chamando-a, depois de um bom tempo, o menino decidiu se arriscar e “nadar” em direção a ele. Foram três braçadas sem sair do lugar até o pai agarrar o menino, que bebeu bastante água. O choro foi inevitável e naquele dia ele não largou mais a borda da piscina.
Qual é o limite da borda? Será que existe um limite? Será que existe essa borda?
Ouvi há muito tempo uma ilustração sobre o inferno que nunca mais saiu da minha cabeça. O pregador falava que o inferno era uma piscina sem fundo, na qual a gente nadava em direção à borda para tentar descansar e parar de se afogar. Porém, cada vez que alguém se aproximava da borda, esta ia se afastando da pessoa e isso se repetia de forma angustiante e sem fim, em um desespero eterno. Assim é quando acreditamos que podemos abrir mão de nossos princípios e valores cristãos. É um caminho pequeno de ida e gigantesco de volta. Simplesmente porque a borda não para de se distanciar.
É nítido ver esse distanciar do caminho de volta no discurso do jovem quando ele diz: “Só mais esse mês”. E depois: “Só mais esse ano”. E assim se passa uma vida. Negociar com os princípios do evangelho, com a ética no trabalho, nos estudos, nos relacionamentos, na vida, é largar uma borda que se distanciará cada vez mais de você. Oro para que a mensagem de Jesus Cristo faça parte de quem você é e de quem eu sou. Que seja algo indissociável, que nunca entra em discussão. Se assim for, as oportunidades que estão fora desses valores não serão encaradas como oportunidades, e sim como tentações.
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