Senhores Atenienses, Ouçam!

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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

SOLILÓQUIO




A marca distintiva da sociedade contemporânea é a superficialidade

  • Somos rasos em nossas avaliações - Falta-nos reflexão - Falta-nos introspeção;
  • Estamos atarefados demais e cansados demais para examinarmo-nos a nós mesmos;
  • Corremos atrás de coisas e perdemos relacionamentos;
  • Sacrificamos no altar das coisas urgentes, as coisas que de fato são importantes;
  • Falamos demais, amamos raramente e odiamos frequentemente; 
  • Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos;
  • Fomos e voltamos à lua, mas temos dificuldade de cruzar a rua e encontrar um novo vizinho;
  • Conquistamos o espaço sideral, mas não o nosso próprio espaço;
  • Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores;
  •  Limpamos o ar, mas poluímos a alma;
  • Dominamos o átomo, mas não nosso preconceito;
  • Construímos mais computadores para armazenar mais informação, mas nos comunicamos cada vez menos;
  • Estamos na era do fast-food e da digestão lenta;
  • Do homem grande de caráter pequeno;
  • Lucros acentuados e relações vazias;
  • Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Sabe qual o paradoxo do nosso tempo?
“Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Solilóquio é conversar consigo mesmo. É olhar nos olhos daquele que vemos no espelho e enfrentá-lo sem subterfúgios. É entrar pelos corredores da alma e não escapar pelas vielas laterais. É lidar com o nosso mais difícil interlocutor. É falar com o nosso mais exigente ouvinte. A introspecção, porém, é uma viagem difícil de fazer. Olhar para dentro é mais difícil do que olhar para fora. É mais fácil falar para uma multidão do que conversar com a nossa própria alma. É mais fácil exortar os outros do que corrigir a nós mesmos. É mais fácil consolar os aflitos, do que encorajar-nos a nós mesmos. É mais fácil subir ao palco e pregar para um vasto auditório do que conversar com aquele que vemos diante do espelho.

O salmista, certa feita, estava muito triste e percebeu que precisava endereçar sua voz não para fora, mas para dentro. Então disse: “Por que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). É preciso dizer à nossa alma que a tristeza não vai durar para sempre. Devemos levantar nossos olhos e saber que Deus está no controle da situação, ainda que agora isso não seja percebido pelos nossos sentidos. Devemos proclamar, em alto e bom som para nós mesmos, que o louvor e não o gemido; a alegria e não o choro é que nos esperam pela frente. Não nos alarmemos com nossas angústias; consolemo-nos com as promessas de Deus.

Não basta reflexão, é preciso introspecção. Não basta falarmos aos outros, precisamos falar a nós mesmos. Não basta lançarmos mão do diálogo, precisamos de solilóquio. O salmista, disse certa feita: “Volta minha alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo” (Sl 116.7). Muitas vezes, ficamos desassossegados, quando deveríamos estar em paz. Curtimos uma grande dor na alma, quando deveríamos estar experimentando um bendito refrigério. E por que? Porque deixamos de pregar para nós mesmos. Deixamos de exortar nossa própria alma. Deixamos de fazer viagens rumo ao nosso interior. Deixamos de conversar diante do espelho. Deixamos o solilóquio. É preciso alertar, entretanto, que o solilóquio só é saudável, quando estamos na presença de Deus, quando nossa esperança está em Deus, quando encontramos em Deus nosso refúgio e fortaleza, quando podemos dizer como o salmista: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.

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