Quem assiste a este vídeo de Caio
Fábio, sem ter um pouco de leitura acerca das epistemologias “Calvinista e
Arminiana”, certamente ficará impressionado com as elucubrações e articulações
com as palavras que ele faz. Mas, como sei que vc tem conhecimento das
epistemologias, logo percebeu o reducionismo metodológico usado por Caio Fábio,
acerca da ciência teologia e suas áreas de estudo.
Caro amigo ao analisar a fala
dele, gostaria de contemplar o vídeo inteiro, até porque não quero ser
reducionista como ele foi e, usar de dois princípios da argumentação: argumentum
ad ignorantiam e o argumentum ad hominen. Argumentarei
contra o conteúdo da sua argumentação e contra ele.
1) Ele começa dizendo a partir do
mediador, que a teologia é um problema pra alma humana. Engraçado que tudo que
escreveu e continua escrevendo até hoje em seu site, são construções
teológicas, ou seja, a teologia dele também seria um problema pra alma dos seus
expectadores e leitores? Contradição, não é mesmo.
2) Ele vai falar do argumento
linear, onde qualquer pensamento seja arminiano ou calvinista, será defendido a
partir de escolhas de versículos, que quando ajuntados formam um pensamento
lógico e construto. Ele não argumenta bem, porque a teologia sistemática e
dogmática, que é uma das ferramentas da ciência teologia, constrói a
soteriologia, a escatologia, a pneumatologia, dividindo a teologia em sistemas
que explicam suas várias áreas. Por exemplo, muitos livros da Bíblia dão
informações sobre os anjos. Nenhum livro sozinho dá todas as informações sobre
os anjos. A Teologia Sistemática coleta todas as informações sobre os anjos de
todos os livros da Bíblia e as organiza em um sistema: Angeologia. Isto é a
Teologia Sistemática: a organização de ensinamentos da Bíblia em sistemas de
categorias. Mas, Caio Fábio não é honesto, pois ele omite que não há somente o
pensamento linear como ele chama, mas também o pensamento pontilinear, o que
chamamos de teologia bíblica, ou seja, a teologia bíblica é aquela que analisará,
por exemplo, a doutrina do Espírito Santo em Gênesis, em Josué, em Isaías, no
evangelho de João, em Filipenses, as partes serão estudadas hermeneuticamente e
exegeticamente. Aliás, meu irmão, a teologia bíblica e sistemática se
complementa, pois no final elas harmonizarão o pensamento de um determinado
assunto, em toda a Escritura, com seus diferentes estilos literários, época,
contexto social, econômico e cultural.
3) Ele continua não sendo
honesto, quando não diz que Calvino usou do método histórico-gramatical, que
analisa o “sitz in leben”, ou seja, o conjunto histórico com suas nuances e a
analise gramatical do texto, e que as Institutas da Religião Cristã é o mais
confiável compêndio do pensamento cristão. A Escritura é inspirada e nada se iguala
a Ela, mas homens são iluminados por Deus, para a própria interpretação.
4) Ele diz que a Bíblia é mãe da
construção de qualquer pensamento, usando que, isolando textos pode-se criar o
pensamento que quiser, mas não é o caso dos teólogos sérios calvinistas, pois
usamos regras hermenêuticas, como: analogia da fé, ou seja, a Escritura
interpreta a própria Escritura; quando temos dificuldade de interpretarmos um
determinado texto, tentamos fazê-lo a partir de textos mais claros acerca do
assunto tratado na passagem menos clara, o estudo histórico da passagem, o
estudo gramatical e os estilos literários que há na Bíblia.
5) Ele também vai falar de um
deus caprichoso, a partir do e-mail enviado a ele, onde comete outra
contradição, pois ele critica o isolar de textos, mas o faz quando isola o
texto quando profere o que Jesus disse “Eu sou manso e humilde”. Irmão, a
Bíblia nos mostra um Deus soberano que faz tudo quanto lhe apraz e todas as
coisas foram decretadas por ele, como também revela a responsabilidade do homem
em sua livre agência. Se Deus é caprichoso porque escolheu você e não escolheu
alguém da sua família, não seria eu ou o homem orgulhoso e caprichoso diante do
Deus revelado nas Escrituras. A eleição não é para ficarmos acomodados, mas
para vivermos uma vida santa e ativa diante deste Deus maravilhoso que
simplesmente resolveu me retirar do império das trevas e me transportar para o
reino do Filho de Seu amor. Eu encontro descanso no Deus Santo, Soberano,
Gracioso, Justo, Misericordioso e Bondoso revelado nas Escrituras, pois Deus é
tudo isso e não somente gracioso, pois senão ele seria um ídolo inventado por
mim conforme minhas conveniências, o que Caio Fábio vacila em sua argumentação.
Ele infere que se o Deus da Bíblia for assim Ele é arrogante, pelo fato de fazer
tudo para Sua glória. Deus é egocêntrico, porque faz tudo para Sua glória.
Paulo nos diz "quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa,
façais para a glória de Deus". E de fato Deus faz tudo para Sua Glória e daí. Posso conhecer ao Senhor na revelação proposiconal das Escrituras, mas não depreendê-lo totalmente.
6) Ele diz que a eleição é um
arbítrio conceitual. Acho que ele se alude que a teologia é um conjunto de conceitos acerca de Deus, mas a Bíblia não é a revelação proposicional do Deus trino e Seu ser, consequentemente Sua forma de agir. Não podemos nos esquecer caro irmão que Deus é uma pessoa que conhecemos por declarações conceituais e proposicionais. Quem é o Jeferson? Vou responder por sentenças e proposições. Mas, no que concerne a eleição e o arbítrio, quem disse que temos no que concerne a
escolha de Deus? E vos vivificou, estando vós mortos em seus delitos e pecados
Ef 2.1. O verbo “estar” está no perfeito no tempo verbal grego, que significa
algo que aconteceu no passando com efeitos futuros, a saber, Adão pecou e
morreu fisicamente e espiritualmente, somos alcançados pelas conseqüências de
Adão, em Cristo meu estado é outro o de “vivo”. Esse foi o erro de Ricardo
Gondim, com sua teologia relacional, dizendo que Deus é amor e tudo se
fundamenta no amor de Deus e sendo assim Deus é um ser em processo, ou seja,
ele não conhece toda a história e se frustra com os erros do homem, mas
continua o amando. O fundamento de
Deus é Ele mesmo e todo seu ser. Grifo meu. Não posso limitar Deus dentro
dos meus sentimentos.
7) Ele chama a predestinação de
“fatalismo”. A Bíblia como disse antes, nos revela a soberania de Deus e a
responsabilidade humana, QUE NÃO SÃO EXCLUDENTES, MAS COMPLEMENTARES. A idéia
humanista de fatalismo é um Deus que predestinou e pronto, mas dentro do
contexto bíblico a eleição positiva e negativa não é fatalista, pois quantos
textos a Bíblia nos mostra que o homem deve agir diante das prescrições do
Senhor. Josué mesmo disse “Escolhei hoje a quem sirvais, eu e minha casa serviremos
ao Senhor”. Os arminianos vão usar este texto pra disser, o homem é quem
escolhe e de certa forma é verdade, mas no contexto mais amplo das Escrituras,
Deus decretou que eu iria responder sim para seu chamado de salvação, pois Ele
usa minhas volições, que outrora eram cegas, mas com a vida implantada em mim
por Ele eu respondo sim “chamamos isso de Concursus
que é o suporte contínuo de Deus para a operação de todas as causas secundárias
(sejam elas livres, contingentes ou necessárias), para o cumprimento de Seus
santos propósitos. O teólogo Louis Berkhof define-o como "a cooperação do
poder divino com os poderes subordinados, de acordo com as leis
pré-estabelecidas para sua operação fazendo-as atuar, e que atuem precisamente
como o fazem." Caio chama a predestinação de fatalismo encurralante, mas
quem foi escolhido para salvação será chamado, justificado, santificado e
glorificado, mas quem foi preterido será perdido, e existe uma pregação mais
refrigeradora e temerosa, pois o que a revelação nos diz é “Deus amou o mundo
que enviou o Seu único filho, para quem crê não pereça, mas tenha vida eterna”,
não tem como fugir da mensagem do evangelho gracioso e justo. Como diz Paulo em
Romanos 9, “quem és tu para discutires com Deus, pois Ele é o oleiro e eu o
barro”.
8) Ele diz que Calvino é
extremamente limitado na doutrina da predestinação por seu contexto cientifico,
filosófico e até por sua limitação do funcionamento universal das leis. Ele diz
que Calvino leu a palavra predestinação, soberano e desenvolveu esta doutrina.
Meu caro, que analise pobre de Caio Fábio, prova de que nunca leu as
Institutas, muito provavelmente fez leituras caricatas, ou seja, fala do que
ouviu falar, não foi nas fontes primárias. Ele chama Calvino de pobre Calvino,
é hilário.
9) Ele diz que o calvinismo é
reducionista, e ler a Bíblia a partir de Calvino é reducionismo idolátrico,
então ele diz que a chave hermenêutica dele é Jesus e não um sistema. Nunca os
reformadores disseram que temos que ler a Bíblia a partir do pensamento calvinista,
mas Deus nos criou como seres pensantes e, Calvino indubitavelmente é um grande
pensador das Escrituras, que foi influenciado por Agostinho, que não foi tão
bom exegeta como Calvino, mas foi o primeiro pai da igreja a dizer que a
salvação é pela graça. Meu caro, Agostinho era um hermeneuta da escola de
Alexandria, que por sua vez era muito alegórica, mas foi um grande pensador
indiscutivelmente. Quando Caio Fábio diz que sua chave hermenêutica é Jesus e
somente Jesus e que devemos olhar para o Novo Testamento, ele o pobre Caio, cai
na própria armadilha do reducionismo, pois meu caro eu devo olhar para toda a
Escritura, inclusive para Jesus, que fez várias alusões ao V.T. Minha chave
hermenêutica é a Bíblia que interpreta a própria Bíblia, com auxílio do
Espírito Santo, autor original.
10) Ele diz, esqueça Calvino, mas
convoca que a pessoa do e-mail que leia tudo em seu site e assista vem e vê tv,
o seu programa. Estranho, mais uma vez não foi honesto, pois devo ler tudo e
tudo deve passar pelo crivo das Escrituras e certamente as ferramentas
teológicas me ajudarão a entendê-las e vivê-las melhor, para glória de Deus.
Entendo amargura na fala de Caio
Fábio, depois de tudo que aconteceu com ele. Desprezo pela teologia, mas
fazendo teologia, a ironia gritante com a doutrina, mas ensinado somente Jesus
como ele diz, e isso é o que? Um amontoado de palavras acerca de Cristo, ou um
conjunto de ensinamentos e idéias.
O caminho da graça, fácil de
entender o Cristo pregado por Caio Fábio atualmente, um Deus que é somente
exala graça, como explicaria que este Cristo julgará vivos e mortos, e que separará o
trigo do joio, e que certamente salva seus escolhidos pela graça.
Quando o homem passa por grandes
frustrações na vida, normalmente ele usa de mecanismo de defesa, chamado de
racionalismo invertido, ou seja, ele racionaliza opostamente ao que outrora ele
defendia, meio pelo qual suaviza o sofrer mais profundo psiquicamente falando.
Abraço,
rev. Jeferson Roberto