Senhores Atenienses, Ouçam!

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A IMUTABILIDADE E A NÃO INAMOVIBILIDADE DE DEUS NA ORAÇÃO

As nomenclaturas aludidas ao Senhor Deus na Oração como a Sua “imutabilidade ou inalterabilidade” e “não inamovibilidade ou movibilidade”, é um dos grandes paradoxos no exercício espiritual da Oração.

Não obstante muitos empregam a imutabilidade de Deus como desculpa para não dirigirem Orações ao Senhor. Por outro lado há pessoas totalmente ativas, com a finalidade fomentada de alterar os desígnios de Deus. Aliás Lutero observou muito bem o desejo humano de revogar os propósitos Divinos, dizendo “Orar não é vencer a relutância de Deus, mas é apropriar-se do beneplácito dEle”.[1] A revelação nos informa no que concerne a imutabilidade de Deus, em todo o Seu Ser, em todos os Seus decretos, Suas promessas, em Seus atributos, Ele é imutável.


Entretanto para muitos teólogos contemporâneos a imutabilidade Divina travaria todo processo da Oração, seguindo o raciocínio de Charles Hartshorne o pai da teologia do processo, que defende a mutabilidade de Deus como contínua, porque Deus acrescenta a si mesmo todas as experiências que acontecem no universo.
Os teólogos desta teologia herética têm aversão à imutabilidade de Deus, achando que por mais que o homem Ore, ele nada poderá fazer, pois se Deus é de fato imutável, Ele não se importa com os interesses dos homens. Grudem refutando tal pensamento escreveu:

“Quanto à idéia de que precisamos poder influenciar o próprio ser de Deus para que tenhamos importância, só nos resta responder que se trata de uma pressuposição incorreta inserida na discussão, não compatível com as Escrituras. A Bíblia deixa claro que nossa importância última vem não de sermos capazes de mudar o ser Divino, mas do fato de que Deus nos criou para a sua glória e que ele nos considera importante.” [2]          

Imaginar Deus continuamente fazendo ajustes em suas expectativas para o futuro, modificando Seus planos para se ajustarem às metamorfoses múltiplas e flutuações das mais variadas possíveis, no qual o homem é parceiro inseparável nestas mutações, surge uma pergunta, Como ter confiança que a Oração será cumprida, se Deus é minado pelas mudanças mais improváveis, que até Ele às vezes não saberia o que fazer?  

Orar não é fazer com que Deus sofra permutações em Seu Ser, mas é sobre tudo a instrumentalidade por meio do qual Deus cumpre Seus decretos eternos e imutáveis. Como bem colocou Haldane:

“Se, na verdade, tudo sucede pelo cego acaso ou por necessidade fatal, não haveria qualquer eficácia moral nas orações, e nenhuma utilidade, mas sendo reguladas pela orientação imutável da sabedoria divina, as orações tem um lugar na ordem dos acontecimentos”. [3]

A imutabilidade de Deus não pode ser entendida como um atributo que deixa Deus estático em Suas ações, e que faz da Oração uma verbalização para o vazio. Mas deve ser entendida parafraseando as palavras de Grudem, que traz a concomitância da imutabilidade Divina e a Sua movibilidade, mostrando que Deus não é inamovível e tem movimentos em Seu Ser e em Seu modo de agir. 

O teólogo Grudem literalmente define que “Deus é imutável no Seu Ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas, porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de modos diversos diante de situações diferentes”.[4] 

As Escrituras trazem algumas aparentes mudanças de Deus, porém são mudanças condicionais aos Seus decretos. Em Is 31.1-8 tem-se o caso do rei Ezequias, que muitos defendem como sendo a Oração do rei que fez Deus mudar Seus propósitos, porém Deus se move conforme os planos pré-estabelecidos. Neste caso de Ezequias Deus não mudou à duração de vida do rei no momento de sua Oração, a intervenção Divina foi acessada pela sua Oração, isto é um fato indubitável, mas foi o meio determinado por Deus nos tempos eternos para acrescentar 15 anos na vida do rei Ezequias.

O profeta Moisés intercedeu pelo povo de Israel (Ex 32.9-14), porque Deus tinha dito que enviaria um juízo, desde que a  situação continuasse a mesma, porém a situação mudou quando Moisés começou a Orar. A Oração mudou a situação e fez parte desta nova situação, que Deus atendeu e sustou o juízo.
Pode-se dizer então, que a Oração foi responsável direta pela mudança da situação. De  fato foi em um estado real de acontecimentos temporal, concreto e terreno, mas em uma realidade atemporal e espiritual, a mudança conquistada por Moisés em Oração foi o cumprimento dos decretos de Deus na eternidade. Moisés Orou porque não sabia os decretos Divino, mas sentiu-se compungido de alma ao interceder pelo povo de Israel.

Deus sabe tudo que irá acontecer, mas o homem não sabe por isso deve Orar fervorosamente. Este estado de ignorância dos acontecimentos futuros deve fomentar as Orações dos santos, que cônscios da imutabilidade de Deus e também de Sua movibilidade, fará cumprir todos os Seus propósitos movendo-se através das Orações dos justos.

A movibilidade imutável de Deus é uma obra de Sua própria providência. Os planos de Deus estabelecidos por Ele mesmo irá acontecer pela Sua providência que inclui o esforço humano. A Bíblia ensina que o plano de Deus é definido e fixo, não sofre variações, mas também ensina que a Oração é uma ordem a ser praticada e que ela é eficaz. Encontra-se um tipo de parceria entre Deus e o homem, pois a ação do homem em Oração é a providencia da movibilidade de Deus em mudar a coisas.      

Nos elementos da providência Divina encontra-se o Concursus que envolve a idéia de cooperação de Deus e homens no acontecimento de todos os atos, sejam bons ou maus, para a realização de tudo o que Deus de antemão escreveu. Berkhof define-o como “a cooperação do poder divino com os poderes subordinados, de acordo com as leis pré-estabelecidas para sua operação fazendo-as atuar, e que atuem precisamente como o fazem.”[5]

As Escrituras ensinam que a providência de Deus, age também nas ações ou operações da criatura, e que Deus exerce operação imediata como causa primeira dando condições às causas secundárias de serem reais, existindo assim a cooperação da Causa Primeira com as causas secundárias.

Esta verdade bíblica funciona na Oração como a atividade de Deus de não excluir a participação humana no que diz respeito o agir dos Seus planos. O concursus simultâneo, a ação é sempre resultado da combinação do ato dos homens e da participação divina, mas o homem é sempre responsável por sua ação (Gn 45.5; Ex 4.11,12; Es 6.22; Dt 8.18).

A Oração é um meio de comunicação espiritual entre Deus e o homem, que há o compatilismo sadio das Escrituras, no qual Deus é movível com a cooperação das Orações dos santos. Não significa que Deus não tenha poder para efetuar Seus propósitos sem a Oração, mas Ele decidiu em si mesmo que muitos de Seus planos seriam concretizados somente através da Oração de seus servos.

A imutabilidade de Deus e Sua não inamovibilidade se constatam claramente na vida de Elias. Deus enviou a seca em Sarepta por três anos e ouve grande fome e muitas mortes decorrentes desta ausência profunda de água, mas Deus não alterou Seu propósito em não mandar chuva, até que chegasse o momento oportuno de enviá-la sobre a  terra  (1Rs 17.2-12).

As Escrituras relatam que veio a palavra do Senhor a Elias dizendo que cairia chuva sobre a da terra (1 Rs 18.1). Mesmo com esta promessa predita pelo Senhor, o profeta Elias encurvado sobre a terra Orou pedindo chuva, e a Bíblia relata que só havia uma nuvem pequena como a palma da mão do homem, e a chuva veio torrencialmente (1 Rs 18.42-45). O Concursus providencial de Deus é a grande prova que Ele é Movível junto com a cooperação participativa do homem na Oração.

O Senhor Deus é imutável, mas paradoxalmente sempre causa mudança na história da humanidade. Dagg escreveu sobre isto com muita propriedade “ O plano completo de Deus foi arranjado de tal maneira, em sua infinita sabedoria, que muitas das Suas bênçãos são outorgadas exclusivamente em resposta às nossas Orações”[6]            

Orar não é extrair do Senhor Altíssimo, variações de Seus projetos eternos, mas é rogar para que a imutabilidade do Seu Ser e dos Seus decretos se movam por meio das Orações. Não mudar não significa não agir. A movibilidade de Deus nas Orações é a expressão máxima de Seus planos imutáveis, que o faz ser Deus.     
 
rev. Jeferson Roberto

[1] Apud, PINK, A. W. Deus é Soberano. São Paulo: Fiel, 1997, p.128.
[2] GRUDEM,Wayne. Op. Cit., p.115.
[3] Apud, PINK, A. W. Deus é Soberano. São Paulo: Fiel, 1997, p.131.
[4] GRUDEM,Wayne. Op. Cit., p.111.
[5] BERKHOF, Louis. Op. Cit., p. 170.
[6] DAGG, John L. Manual de Teologia. São Paulo: Fiel, 1989, p.50.

ORAÇÃO: AÇÃO SOBERANA DE DEUS

Quando foi falado da Soberania de Deus como uma prerrogativa inerente na totalidade da constituição do Seu Ser, há uma dedução obvia que este estado Soberano de existência irriga também Seus atributos, como a expressão máxima da Sua vontade Soberana em todas as coisas e particularmente na Oração. O Apóstolo João cônscio desta verdade escreve “Se pedirmos alguma cousa segunda a sua vontade ele nos ouve” (1ª Jo 5.14).

A admissão que Deus regula e governa os movimentos mais eminentes no Cosmos deve ser uma coerência na admissão, que os acontecimentos menores também são Soberanamente governados por Ele. Mesmo porque os grandes movimentos têm uma dependência dos pequenos, ou seja, “o menor movimento da vontade humana é regulado pela vontade de Deus”. [1] Em contrapartida, a idéia que as vontades menores do homem são reguladas por Deus, cria um enorme desconforto, pois há a ambição do regulamento dos acontecimentos menores por parte do homem, enquanto os grandes acontecimentos estão no controle dEle, sintetizando, Deus controla o Universo e o homem por sua parte controla sua vida. Na verdade o homem desenvolve o seu eu como um deus para as causas menores, porque as disposições de seu destino pormenorizadamente devem ser absolutamente reguladas pelo próprio homem. Ademais a idéia de Deus fazer Sua vontade, traz um enorme receio que o homem não possa fazer a sua.  

Os tempos atuais trazem uma saturação da idéia de um Deus Soberano. Portanto, com expressividade narcisista por parte do homem, a Oração vem se transformando em um meio, onde a política de Deus é moldada e alterada pelo homem. O gnóstico americano Emerson declarou de si mesmo, “Eu vejo todas as correntes do Universo circulando através de mim, eu sou uma parte e uma parcela de Deus” [2], diante desta super valorização do eu, a Oração se transforma não em um meio de se comunicar com a Divindade, que pode mudar as coisas conforme Seus propósitos eternos, mas um meio para empregar técnicas, que como um fim em si mesma, asseguram resultados, fazendo da Oração mais uma forma de terapia, um ato dialógico consigo mesmo, do que com um Deus que é distinto daquele que intercede.     

Um certo autor escrevendo sobre a Oração declara que “as possibilidades e necessidades da Oração, seu poder e seus resultados se manifestam no refrear e alterar os propósitos de Deus e no aliviar o impacto do seu poder” [3], afirmando com esta declaração teologicamente idiota que Deus é semelhante ao homem podendo alterar Seus propósitos e idéias da mesma forma que os homens o faz, com sua capacidade pequena de ver as coisas e a incapacidade de ver além dos seus planos traçados.

Paulo escrevendo aos Efésios 1.11 diz que Deus “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”. Esta declaração explícita do apóstolo atentoza a pessoa do Deus Altíssimo, ratifica que a política de execução não está e nunca será moldada pelas Orações dos homens. Paulo em Romanos 11.34 indaga “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? evidenciando que não há subordinação em hipótese alguma do Senhor em relação “aos vermes da terra”. [4]                 

O caráter de Deus revelado nas Escrituras não pode ser descaracterizado, como se Ele fosse um camaleão que sofre mutações diárias de cor e imprevisibilidade epidérmica de existência. Qual seria a confiança em elevar Orações a um ser que ontem agiu de uma forma e hoje mudou de idéia? Dirigir petições a um monarca terreno que hoje atende pedidos e amanhã os revoga? Seria absolutamente patético.

A Oração é uma ação Soberana de Deus no cumprimento de Sua vontade, onde as mudanças ocorrem no campo do terreno, para a confirmação dos decretos arrolados na eternidade. Deus é Soberano na Oração do justo não somente o sugestionando a Orar, mas o convocando imperativamente a ser participante dos cumprimentos de Seus propósitos, havendo uma coadunação da Sua Soberana vontade com a vontade do homem.

Está harmonia é bem expressa por Packer:

“Não há nenhuma tensão ou inconsistência entre o ensino da Escritura a respeito da predeterminação soberana de Deus para todas as coisas e a eficácia da oração. Deus predetermina os meios, bem como o fim, e nossa oração é predeterminada como o meio pelo qual Ele faz com que se realize a sua soberana vontade.” [5]    

Os homens de uma forma ou de outra sempre postularam o caráter absoluto da Soberania de Deus, muitas vezes banindo Sua Soberania. Entretanto o Deus-homem que nos revela Deus categoricamente, ensina a real percepção que se deve ter no momento da grandeza da Oração. Em Mt 6.8 Jesus declara que a repetitividade dos gentios em suas Orações é verbalização para o vazio, e completa sua prédica afirmando que as necessidades de um justo são conhecidas mesmo antes que ele Ore. Porém, diante disto surge tal questionamento intrigante, Se Deus sabe o que preciso, se conhece todas as necessidades do pedinte, por que Orar? Qual seria a finalidade de uma apresentação de necessidades já conhecida? 

A resposta a estas perguntas leva ao leitor da Bíblia, a lê-la com as lentes de Jesus, que traz um conceito e uma percepção diferentes a respeito da Oração. Pode ser que para muitos a Oração é um simples instrumento para fazer as coisas acontecerem, onde Deus fica a disposição com Seu poder inefável esperando a ativação da Oração como recurso inesgotável de bênçãos.

O Orar, insistir, suplicar, e jejuar podem muitas vezes advir de motivações equivocadas, que por sua vez levam pessoas a acharem que a pratica de tudo isso convencerá Deus a fazer o que o peticionário julgou correto. Todavia, Jesus profere que Deus sabe das necessidades do justo, pois este saber não é meramente intelectual, mas é um saber com cuidados e que antes mesmo que haja consciência das necessidades na mente humana, Ele já as conhece, pois é Soberano. Aliás, mesmo que no coração do santo não tenha penetrado a realidade da carência e que determinada carência demore a chegar a sua consciência, ela não escapa da provisão Soberana de Deus.                  

A Oração não é um ato sádico de Deus, que quer ver seus filhos se humilhando e se convalescendo diante de Seus pés, por outro lado não é somente a busca das necessidades, mas é um ato de procura não pelo que Ele pode e tem para oferecer, e sim por quem Ele é, desenvolvendo a motivação essencialmente correta que é a comunhão e amizade com Ele.    

O saber do Pai celestial das necessidades dos justos muda radicalmente todo o conceito utilitário que muitos tem da Oração, apontando para um novo modelo de relação, onde as necessidades não são mais a pauta principal, mas sim o relacionamento pessoal  com um Deus Soberano que exerce Sua Soberania na Oração, transformando a vida de seu interlocutor e mudando as coisas em seu redor.

Ricardo Barbosa cônscio da Soberania de Deus em vista as necessidades, expressou  “A Oração não existe para informar a Deus o que Ele já sabe a respeito de nossas necessidades, mas para gozar da alegria de experimentar sua vontade justa e Soberana, e no mais, as outras coisas serão acrescentadas.” [6]
A livre vontade de Deus em agir é respaldada pelo trabalho Soberano dEle na Oração, por isso que em Sua vontade preceptiva Seu próprio Filho não Ora segundo a sua própria vontade,  mas despoja-se de seu eu volitivo sendo submisso à vontade do Pai (Mt 26.39).

Na verdade a centralidade da espiritualidade do Filho era o Pai, porém o que temos hoje são pessoas no engano do triunfalismo evangélico, centralizando em sua pseudo-espiritualidade: a ausência de dor, sofrimento, soluções espetaculares e rápidas para todo tipo de problema humano por meio da Oração, que muitas vezes transforma-se em arbitração humana e dar-se ao homem e a Oração um poder que não lhe pertence. Ricardo Barbosa coloca isso categoricamente:           

“Nossas Orações, normalmente são monólogos que estabelecemos com Deus. Apresentamos nossas listas com as necessidades mais diversas, nossas suplicas, muitas vezes com exigências absurdas e esperamos que Deus as cumpra, revelando assim  seu poder e amor por nós. Nossos juízos, falas e decisões quase sempre são tomados tendo como referencial apenas nossa percepção imediata da realidade, bem como nossas carências afetivas e emocionais.”  [7] 

A Oração não deve ser pautada na inexistente soberania do homem, ou da própria Oração em si, mas deve estar pautada na mente e no coração como uma ação Soberana do Pai, com a mediação Soberana do Filho e a maestria Soberana do Espírito Santo, despojando-se de uma vaidade de busca e reconhecendo que Deus, e somente Deus é o motivo e a razão para a Oração dos santos.     

rev. Jeferson Roberto 


[1] BONAR, Horatius. Revista Fé para Hoje. São Paulo: Fiel, 2002, nº 15, p.09.
[2] HORTON, Michael. A Face de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p.28.
[3] Apud, PINK, A. W. Deus é Soberano. São Paulo: Fiel, 1997, p.126.
[4] Ibidem, p.127.
[5] PACKER, J. I. Op. Cit., p.24.
[6] SOUSA, Ricardo Barbosa. Op. Cit., 1999, p.163.
[7] Ibidem, p.168

ORAÇÃO: AÇÃO RESPONSÁVEL DO HOMEM

O melhor comentário sobre a Bíblia é a própria Bíblia. Compare os princípios encontrados com o restante das Escrituras. Essa regra é chamada pelos intérpretes de “analogia das Escrituras”, ou “analogia da Fé”, e, bem utilizada, evita uma série de erros grosseiros de interpretação, tendo a plena convicção que as Escrituras não se contradiz.
Algumas verdades são difíceis de conciliar, mas isso não significa que sejam excludentes. Um exemplo disso é a questão da responsabilidade humana e da soberania divina. Alguns afirmam que Deus é quem decreta e dirige todas as coisas. Ele domina sobre tudo, e todas as coisas ocorrem segundo o plano predeterminado pelo Senhor Deus (Sl 139.16; Pv 21.1; Is 46.9-11; Mt 10.29; At 2.23, 4.24, 28, 13.48; Rm 8.28-30, 9.8-24; Ef 1.5, 11; I Ts 5.9; 1Pe 5.11; Ap 1.6).
Muitos afirmam que, isto não isenta o homem como um ser moral de sua responsabilidade diante de Deus por seus atos. Os cristãos calvinistas aceitam ambos os ensinos como expressão da mais pura verdade de Deus. Isso o que se chama de antinomia. Antinomia, conforme o Dicionário Aurélio, é o “conflito entre duas afirmações demonstradas ou refutadas aparentemente com igual rigor”. [1] Semelhantemente é o paradoxo, que aparentemente traz a contradição, mas na realidade expressa uma verdade. O problema, nas antinomias, não está na Bíblia, e sim na finitude de nossa compreensão. O fato de não se entender alguma coisa não significa que ela esteja errada.
Entre os arminianos a autonomia metafísica não pode sofrer um controle interno ou externo ontologicamente, ou seja, para que o homem de fato possa responder responsavelmente pelos seus atos, ele deve exercer totalmente a sua vontade. Eles defendem o libertário do determinismo Soberano de Deus, que afirma que a vontade é determinada em suas escolhas por causas internas e externas, porque na lógica arminianista o homem não pode ser responsável por eventos de uma causa previamente determinadora.
Entre os calvinistas os atos da vontade humana não podem ser não-causados, e sim causados, pois eventos que aconteçam ao acaso ou fortuitamente isentaria o homem totalmente de sua responsabilidade diante de seus atos e de Deus, ou seja, o acaso é que seria responsável e não o homem, tendo em vista simplesmente que ele não exerceria nenhuma influência causal e viveria em um território de neutralidade moral no universo criado por Deus.

O calvinista concorda plenamente que o homem tem uma capacidade de escolha, não de forma indeterminada, mas sim determinada por causas internas, externas, e preceituadas por Deus. O homem tendo incapacidade espiritual de discernimento não o cessa  como um agente livre de ação, ele tem uma autodeterminação livre, porém causadas.

Diante disso, quando ao se falar da Soberania de Deus na Oração, em hipótese alguma o homem está ficando isento de sua responsabilidade como Orador, causações externas de um Deus Soberano não significa que o homem está isento de sua responsabilidade de Orar, até porque a Bíblia traz esta tensão entre Soberania Divina e Responsabilidade Humana, ou seja, Deus decretou todas as coisas e inclui providencialmente o homem como um agente moral responsável na Oração para o cumprimento de Seus propósitos. 

Para muitos o fato de Deus ser Soberano na Oração é um grande desestimulante para a pratica da mesma. Alguns chegam até argumentar, que sendo assim não há necessidade de Orar, porque Deus fará cumprir Seus propósitos Orando ou não, criando assim um pensamento filosófico de que responsabilidade requer capacidade de determinação humana independente, havendo mudanças por parte do homem, para que haja obrigatoriedade moral.

O determinismo da Deidade em tudo e a não possibilidade de mudar, faz do homem um boneco de Oração e não um agente moral responsável capaz de transformar as coisas. Este é o pensamento de Finney, que posicionou seu pensamento na direção de que, causas externas de determinismo não têm legitimidade para responsabilizar o homem,ou seja, pedir a Deus sabendo que Ele respondendo ou não a Oração é o cumprimento dos Seus decretos não traz nenhuma obrigação moral. Hodge contrário ao pensamento de Finney escreveu:

“É uma verdade fundamental a afirmação de que um homem sem olhos não tem a obrigação de enxergar ou alguém sem ouvidos não tem o dever de ouvir. Portanto, no campo das impossibilidades físicas, sem dúvida é verdadeira a máxima de que o dever é limitado pela capacidade. Porém não é menos verdadeiro afirmar que a incapacidade do homem ver os acontecimentos futuros é perfeitamente coerente com o fato do homem ser sempre responsável diante de Deus por seus atos de pedir, de que Seus planos se concretizem.”  [2]             

A responsabilidade do homem na Oração deve trazer à sua consciência o sentimento de obrigação, que se relaciona coerentemente com a convicção da total incapacidade que as Escrituras traz a respeito do homem na Oração.

O apóstolo João escrevendo em sua primeira Epístola 5.14 diz “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve”. João oblitera qualquer idéia de fatalismo, mas escreve nitidamente que o cristão deve ter sua ousadia no falar com Deus, como um ato responsável diante dEle, e que a liberdade de falar e pedir, é delimitada pela Sua vontade Soberana de ouvir e responder.

O fatalismo apregoando, que o destino é fator determinante no curso da vida humana, isentando o homem de suas responsabilidades, transferindo tal responsabilidade para o destino sem dono não é uma premissa bíblica. A verdade bíblica é anti-falalista, no qual   confiar e pedir são função humana, e ouvir e responder são função Divina.  

A Oração traz resultados definidos e muda o curso dos acontecimentos, porque Deus determinou que a Oração seria um meio bastante importante de reger resultados no mundo, e a intercessão dos santos é o meio pelo qual Ele usa para gerar mudanças. Os santos são responsáveis sim, porque Deus planejou usar as Orações dos justos para realizar Seus planos, pois os planos de Deus não excluem as Orações dos santos, mas os responsabilizam como conhecedores da vontade preceptiva de Deus (1Rs 18.1; 19.42). Como expressou  Doulgas :

“A Oração não é a causa que busca sua própria eficiência, porém é meramente a condição antecedente sobre a qual o benefício está pendente. O propósito para conceder é, da parte de Jeová, soberano e livre, é o movimento espontâneo de sua própria vontade graciosa e amorosa. Contudo, no exercício da mesma soberania e bondade, ele interpõe a Oração da criatura, como o canal responsável através do qual seu favor virá.”  [3] 

Até o presente momento não foi definido o termo responsabilidade, e falar de responsabilidade humana sem defini-la seria uma abstração filosófica, ou seja, os argumentos ficariam no campo das idéias da autonomia do pensamento humano, sem considerar primariamente o conteúdo das idéias da Bíblia, que deve ser o compêndio das construções teológicas e filosóficas dos cristãos.   

As Escrituras não trazem este termo responsabilidade, mas “responsabilidade é simplesmente um sinônimo de prestação de contas, significando que o homem responderá diante de Deus, o juiz, por suas ações.” [4] O homem como agente moral,  prestará contas de suas ações, chamando-o a juízo no momento oportuno (Rm 14.10).   

O Senhor Deus como Criador tem total  liberdade de requerer de Suas criaturas, que respondam responsavelmente diante dEle, pois a ontologia humana é baseada em seu ser como criatura. Orar consciente desta ontologia é enxergar a prerrogativa Soberana de Deus na Oração, juntamente com a prerrogativa do homem entre os seres morais, em ter responsabilidade através da Oração para transformar as coisas em seu redor e mudar a si mesmo, como cumprimento dos propósitos Divinos (Jr 18.1-6; Rm 9.21).   

A responsabilidade humana também é uma necessidade, pois Deus é o objetivo, ou seja, o padrão fora de nós mesmos, no qual é referência moral para o que é certo e errado. A Oração do justo deve buscar esta responsabilidade ética, para que sua vida seja moldada com o auxílio do Espírito a viver no padrão de Deus (Jó 34.1-37).

O homem é responsável por seu conhecimento, pois aquele que conhece a vontade do seu Senhor em Sua palavra e ainda não a faz será punido com maior rigor. Esta responsabilidade epistemológica deve levar o crente a Orar conforme a vontade de seu Senhor (Rm 2.12-16). “Ninguém é destituído totalmente da luz da consciência , e todos serão julgados com luz que tem, pois todos pecam (mais ou menos) contra a luz e a verdade.”  [5] 

Outra responsabilidade do homem tem como finalidade à glória de Deus, e o Orador é responsável como mordomo que é do seu Senhor, em rogar para que Deus cumpra os Seus propósitos, para a glória de Seu nome. Responsabilidade essa que se pode chamar de teleológica, pois a propósito de Deus nas Orações é antes de tudo a Sua própria Honra (Is 43.7; Cl 1.16), e a finalidade dos santos deve ser sempre glorificar ao Senhor.

A Oração é um compatibilismo providente entre um Deus Soberano e o homem como um agente livre. A Soberania de Deus nunca exclui ou minimiza a responsabilidade humana na Oração. Na Oração a criatura não obra absolutamente sozinha, independentemente da vontade e do poder de Deus, mas há uma atividade cooperativa de Deus e o homem, que o acompanha, sustenta e conduz providencialmente para o cumprimento de Seus santos propósitos. At 17.28 diz: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos.”

Toda atividade humana, de alguma forma, está associada com um plano de Deus. Todos os movimentos estão amarrados à Sua vontade Soberana. A atividade de Deus acompanha a dos homens em todas as suas direções, mas nunca o homem fica despojado de sua responsabilidade. Os dois, Deus e homem, trabalham simultaneamente na Oração.

Compatibilismo não é nivelamento ontológico, mas a ação de um Deus Soberano em harmonia com a ação de  um ser moral responsável – o homem. A providência de Deus usa a ação moral do homem, transformando-o responsável pelos seus atos.      

A ação responsável do homem santo na Oração, não deve ser a cassação da Soberania de Deus no momento peticionário, mas um ato dialógico subversiente que leva a Oração a ser justa e eficaz, exatamente porque Deus controla todas as coisas, podendo ouvir ou ignorar a Oração feita.

Orar sem senso de esforço responsável, nos cumprimentos dos propósitos Divinos, é zombaria irresponsável contra Deus, como mero esforço responsável sem Oração, é roubar de Deus sua Soberania. Pois como proferiu Robins “Responsabilidade produz sendo de dever.”[6]

Responsabilidade na Oração não é determinar livremente, com a ausência de causação interna ou externa, mas rogar a vontade de Deus, como causa anterior na eternidade, pois Soberania de Deus e responsabilidade humana, não são excludentes e sim complementares.


rev. Jeferoson Roberto

[1] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p.132.
[2] Apud, PINK, A. W. Deus é Soberano. São Paulo: Fiel, 1997, p.122.
[3] KELLY, Douglas F. Se Deus já sabe, Por que Orar ?. São Paulo: Cultura Cristã, 1996, p.75.
[4] WRIGHT, R.K. Mc Gregor. A Soberania Banida. São Paulo: Cultura Cristã, 1998, p.61.
[5] Ibidem, p.62.
[6] BLANCHARD, John. Op. Cit., p.345.

domingo, 17 de outubro de 2010

Paulo no Areópago: Anúncio e Defesa da Verdadeira Fé


            Paulo dirigiu-se a Atenas, vindo do norte, objetivando, dentro de poucos dias, unir-se a Silas e Timóteo. Já conhecia a grande cidade intitulada: “A Universidade do Mundo“, porque depois dela, em lugar algum na história da época havia tanta tradição cultural. De Atenas havia saído generais, estadistas, historiadores, oradores, poetas e filósofos.
            Paulo, homem integrado em sua época, conhecia muito bem a cultura e os costumes do lugar, sabia também que a cidade perdera muito do seu antigo estado de glória. Ao entrar nela deve ter feito um retrospecto de toda a história que, ao seu tempo não era tão antiga como hoje. Deve ter pensado em homens como Tales de Mileto, que em seu sistema filosófico propunha que o princípio de tudo estava na água. Deve ter-se recordado de Aneximenes, que sustentava ser o ar o principio de todas as coisas. Certamente, veio a sua mente o papel desempenhado pós Sócrates trazendo uma nova orientação ao pensamento humano, através da máxima que lera no oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo.” Recordou-se de um Platão, de um Aristóteles e de muitos outros que, de formas variadas tentavam explicar o mundo que os cercava.
 Pensava Paulo que, em Atenas se poderia ver em matéria de arte e arquitetura, obra do arquiteto Ictino, o qual, ajudado por Calicrato, desenhara o Pártenon. Fídias havia sido o escultor, este edifício em virtude de sua beleza têm levado muitos a lhe atribuírem o título de um dos mais belos do mundo. Outras obras de arte eram o Erécteion, o pequeno balcão das cariátides, e o Epidauro, um lindo teatro, dentre tantas que se apresentam diante dos olhos daqueles que estudam a maravilhosa história de Atenas, capital da Grécia.
 
            Conhecendo toda a glória da cidade, Paulo não planejara fazer turismo, Não correspondia ao apóstolo proceder de tal forma. Como embaixador do reino de Deus, representaria também naquela cidade o seu Senhor. Sabia Paulo o quanto era difícil pregar o Evangelho naquele lugar, onde não havia colônia judaica propriamente dita, existia sim, alguns núcleos isolados, que possuíam até uma sinagoga, onde Paulo tentou um contato, completamente mal sucedido.
            Preocupava-se Paulo com o caráter idolátrico que impregnava a cidade. Talvez fora essa a preocupação que o levara aos seus compatriotas. Sendo evitado por esses, seguiu um costume helênico: começou a pregar sua nova mensagem aos que passavam. Chegou a reunir um grupo de curiosos que se aproximavam, para ouvirem, mas que nele não encontravam uma dose filosófica: Era um paroleiro (charlatão) At. 17.18-20. Pensavam que ele estivesse anunciando um novo casal de divindades: Jesus e Anastácia. Sem dúvida, algum ouvinte superficial teria ouvido Paulo repetir, como refrão, esses dois nome: Jesus e Ressurreição (em grego Anástasis). Positivamente, para Paulo a ressurreição de Cristo era o acontecimento máximo do cristianismo e constituía o tema de sua mensagem.
            Dentre os ouvintes estavam os epicureus e os estóicos. Os estóicos advogavam a conquista sobre o mal através do controle próprio, que se transformou em orgulho, desespero e panteísmo. Os epicureus eram ateístas, frívolos, egoístas, e degeneravam sua crença em mero amor e prazer. E eles estavam sempre prontos para defenderem suas opiniões diante de qualquer recém chegado.
            Certamente, movidos pela curiosidade e pelo desejo de ouvirem alguma coisa nova, alguns ouvintes propuseram a Paulo que fizesse uma conferência no Areópago, lugar onde certamente se reuniam pessoas famosas da sociedade ateniense. O Areópago ficava no sopé de dois montes e foi assim chamado em honra de Ares, o deus da guerra. Servia de sala de audiências e reuniões solenes. Durante o primeiro século, o termo Areópago era mais tomado como sinônimo de conselho do que de lugar. Conjecturas tem havido de que Paulo falara na Ágora, centro político, comercial e social de Atenas, que era uma praça circundada por muitos edifícios públicos. Em Ágora, Paulo teria falado aos freqüentadores do Areópago, cujas tarefas mais exercidas eram o controle sobre a religião e a moral.
            Aceitando o desafio de falar publicamente em local apropriado. Paulo teve a oportunidade de expor o evangelho aos atenienses. Em sua pregação, referiu-se ao que observara na cidade e seus arredores. Em particular, a menção repetida, que os atenienses tinham de conhecer, levou o apóstolo ao seu principal ponto de contato. Mencionou uma estátua ao deus desconhecido. Embora não tivesse encontrado na cidade algum altar com esta inscrição, tinha, pelo menos, descoberto inscrições com estas simples palavras. Um altar encontrado no monte Palatino, em Roma, tem a seguinte inscrição: “Consagrado a um deus ou deusa.” Este não tem imagem e é feito de pedra: data de cerca de 100 a.C. Mais tarde Pausania, um viajante, relatou que vira no caminho de Atenas para Pireu “altares de deuses chamados desconhecidos”. Ora, foi a partir deste ponto de contato que Paulo começou a proclamar o evangelho e proferiu uma alocução filosófica perante os sábios de Atenas. Podemos até dizer que a segunda viagem missionária do apóstolo legou à humanidade uma peça de oratória valiosíssima, um verdadeiro libelo, que foi o seu discurso no Areópago. Não fosse o próprio testemunho de Paulo confirmando sua estadia em Atenas, muitos tomariam este episódio como uma construção imaginária de Lucas, objetivando confrontar Paulo com Sócrates, Ou o cristianismo nascente com a cultura helênica em decadência.
            Partindo de sua prédica, Paulo conseguiu captar a atenção da platéia. Disse em forma de elogio, que os atenienses eram religiosos, e que esta religiosidade é imperfeita, embora, profundamente aproveitável. Para Paulo, Deus nunca deixou de se manifestar ao homem e o evangelho é a plenitude desta manifestação. Os atenienses que reconhecessem a sua religiosidade imperfeita, retomariam a caminhada  ascendente e prosseguiriam, até encontrar o Deus criador de todas as coisas revelado em Cristo Jesus.
            Os ouvintes de Paulo não suportam tal testemunho, pois eram leitores assíduos dos diálogos de Platão e admiradores da morte estóica de Sócrates. O discurso de Paulo chocou-se com a mentalidade filosófica grega, por seu testemunho em relação ao apreço a matéria: o Deus criador e a ressurreição dos mortos.
            Os gregos acharam a nova religião materialista. Daí o suposto insucesso de Paulo. A narrativa de Lucas apresenta um tom de desânimo e parece sugerir que Paulo partiu de Atenas desolado. É provável que esse sentimento tivesse repercutido em sua carta aos coríntios, pois o seu destino, ao sair da capital grega, foi Corinto. Mais tarde ele escreveu aos coríntios: “E eu irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e a este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não constituíram de palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder.
            Em Atenas, ele fizera o seu apelo ao nível do conhecimento humano. Usara o método socrático, tão bem conhecido dos atenienses. Falando-lhes ao nível de sua cultura. Em contraste dissera aos coríntios: “Estive convosco em fraqueza, em temor, e em grade tremor”. “Quando Paulo chegou a Corinto, talvez tivesse reexaminado o seu método de comunicação e ao escrever-lhe disse: “Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes” “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as fortes”. É bem provável  que estas tenha sido reflexões do apóstolo acerca de sua visita a Atenas.
            De qualquer maneira, é verdade que ele foi como servo de Deus – “Fiz-me de fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz de tudo  para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns”.
            Mesmo tendo um grande desapontamento em Atenas, houve resultados positivos. Lucas menciona algumas conversões: Dionísio membro do Aerópago, e uma mulher chamada Damaris e com eles outros. É oportuno mencionar que um grupo de arqueólogos gregos escavou as ruínas de uma igreja do Dionísio, o areopagita, situada precisamente atrás do Areópago.
            Paulo partiu de Atenas e consequentemente a menção da cidade desaparece dos escritos do Novo Testamento. O apóstolo nunca mais  falou dela e nunca foi mencionada uma comunidade cristã ateniense nas Escrituras. Os atenienses continuaram militando nos caminhos da filosofia pagã, até que seus últimos representantes, que nem eram atenienses, emigraram para a Pártia, onde foram acolhidos na corte do rei Cosroé I. A Academia de Atenas fora fechada pelo imperador Justiniano I, no ano 529. Atenas, com toda a sua tradição, acabou. A obra do apóstolo Paulo continuou sendo pregada, confirmando o que está escrito na Palavra de Deus- “Secou-se a erva, e caiu a sua flor, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” I Pedro 1:24-25.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Breves Palavras à Introdução da Sala do Areópago

A defesa dos aspectos conteudistas da fé sempre foi abençoada e resguardada pelo Senhor Altíssimo. A pertinência desse espaço é anunciar e defender à existência do Deus desconhecido dos atenienses, que é o Deus conhecido, revelado em toda ordem criada e especificamente nas Escrituras, sendo Ele o ponto de partida de toda criação no presente e no porvir. A base epistemológica é a revelação proposicional Teatrópica do Criador sobre todas as outras frentes epistêmicas,ou seja, todas as epistemologias construídas na história só refletem em algum aspecto a tríade revelacional criação-queda-redenção, ratificando o que Paulo diz: "o homem trocou a verdade pela mentira". DEO BENEDICTUS ET SEMPER
rev. Jeferson Roberto