Senhores Atenienses, Ouçam!

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

SAGRADO E PROFANO: UM BREVE COMENTÁRIO


O pensamento cristão no decorrer dos séculos, por influência da filosofia grega, passou a defender uma separação entre o sagrado e o profano. Os gregos tinham uma visão que as coisas materiais eram ruins e profanas, enquanto a salvação dependia de libertar o espírito do material. A elite grega era tão influenciada por esse pensamento, que o trabalho manual(material) ficava relegado aos escravos, uma subclasse, enquanto a elite se dedicava a filosofar.

Platão defendia a idéia que o mundo material é um simulacro, ou seja, uma cópia imperfeita do “mundo das idéias”. Para alcançar o “mundo da idéias”, era preciso se libertar por meio da alma, subindo e saindo do cativeiro material. Como lembra Nancy Pearcey: “O que Platão quer dizer(...) é que o mundo material é o reino do erro e ilusão. O caminho ao verdadeiro conhecimento é livra-se de todos os sentidos físicos”¹.

Agostinho foi um dos pais da igreja que assimilou o pensamento platônico. Apesar de defender que a criação material era boa, conforme Gênesis, Agostinho defendia que a criação material de Deus, era um simulacro. Há vários exemplos da dicotomia material/espiritual no pensamento agostiniano. Ele foi um dos defensores da virgindade perpétua de Maria, por associar o sexo(algo material, feio com e pelo corpo) ao pecado. Ele, também, via o celibato como superior ao casamento. A dicotomia sagrador/profano de Platão influenciou outros pais da igreja.

A divisão sagrado/secular criou um conceito distorcido da palavra corpo. No conceito Paulino, a natureza pecaminosa é descrita de várias formas, como natureza terrena, natureza adâmica, velho homem e carne. Para Paulo, a carne a ser mortificada era a natureza pecaminosa e não o corpo humano. Com o dualismo sagrado/secular, o corpo humano passou a ser visto como algo mau, sendo assim, aquilo que fosse ligado ao corpo era pecaminoso. Surge nessa época, aqueles que defendem um corpo empacotado (totalmente coberto de roupas), a abstinência de sexo(dentro do casamento), a mundanização daquilo que fosse material.

A matéria é má? Na visão bíblica a resposta é não. O primeiro capítulo de Gênesis descreve a criação material efetuada por Deus. Moisés, escritor do Pentateuco, escreve sempre a frase: “E viu Deus que era bom”, isso após uma criação material. A matéria faz parte da criação de Deus, portanto ela não é má, mas sim, sofre as consequências do pecado.

Tomás de Aquino foi outro teólogo cristão que assimilou o pensamento grego. Aquino, combatendo a teoria da verdade dupla (que dizia que duas interpretações são verdadeiras, mesmo que esses conceitos sejam excludentes), acabou assimilando outra forma de dualismo. Tomás de Aquino produziu uma estrutura dualística, dividindo o conceito de natureza e graça. Ele dizia que o homem está em um estado de natureza pura que precisa de uma adição de graça, “quer dizer, além de nossas faculdades naturais, Deus dotara os seres humanos de um dom ou faculdade sobrenatural que os capacita a ter um relacionamento com Deus”². Esse pensamento trouxe a visão que as coisas humanas são independentes das divinas, apesar de andarem juntas. O dualismo de Aquino, produziu o pensamento de viver como homem natural e homem espiritual, coexistindo em um só ser. Um homem vive com o sagrado e com o profano ao mesmo tempo.

Partindo dessa premissa de Aquino, o pensamento vigente na cristandade é que se ia à missa para um ato sagrado, enquanto trabalhar era o lado profano. Mas essas realidades eram ligadas a um só homem. Os únicos que poderiam “viver exclusivamente do sagrado”, eram os monges, pois não se envolviam com “assuntos mundanos”.

A dicotomia sagrado/secular influência o pensamento cristão na atualidade? Sim. Ainda hoje há uma dificuldade de uma visão unificada da fé cristã para todas as áreas da vida (cultura, arte, lazer, trabalho, educação, política, esporte etc.). O dualismo permeia não só o pensamento católico, mas muitos protestantes.

Os reformadores formam os primeiros a quebrarem essa visão dualística da vida. O conceito de sacerdócio versus leigos (os sagrados versus os profanos) deu lugar a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes, conforme a revelação bíblica (1 Pe 2.9). Os reformadores passaram a defender que a criação é boa, conforme a Bíblia (Gn 1.12, 21, 25), sendo assim as várias formas de manifestações culturais eram divinas, dizia Calvino: “todas as artes procedem de Deus e devem ser consideradas criações divinas”. Na visão reformada, o corpo passou a ser visto com templo do Espírito Santo (1 Co 3.16) e não casa e instrumentos dos demônios. Com a reforma, passou a se ensinar que o trabalho episcopal não é mais digno do que o trabalho manual ou cultural, pois tudo deve ser feito para a glória de Deus (1 Co 10. 31).

A Bíblia ensina tanto no antigo testamento, como no novo testamento, uma visão unificada da vida, vivendo tudo para a “glória de Deus”. No livro de provérbios, as várias instruções em relação à comunhão com Deus, estão do lado de instruções relacionadas à família, agricultura, finanças, casamento etc. É bem relevante a observação do teólogo católico Jacques Trublet, “a nossa dicotomia sagrado/profano se aplica com dificuldades à mentalidade hebraica, não que ela misture todos os níveis do real, mas porque na abordagem bíblica tudo funciona em interação”³. No novo testamento não é diferente, o capítulo quatro de 1 Tessalonicenses está dividido em três parágrafos (1-8, 9-12 e 13-18), o primeiro parágrafo está exortando à santidade, o segundo fala do amor e do trabalho, enquanto o terceiro parágrafo expõe a doutrina da ressurreição do santos e o arrebatamento; veja que o trabalho( vv. 11-12) está inserido no meio de “assuntos espirituais”.

Apesar do trabalho de esclarecimento dos reformadores em relação à dicotomia sagrado/secular, há ainda hoje no pensamento evangélico, sobras dessa visão equivocada de mundo. Por meio desse escrito, serão apresentadas algumas distorções que contrariam a Palavra de Deus:

a) A dicotomia sagrado/profano supervaloriza a santificação do corpo em detrimento da santificação interior. O corpo é visto como algo ruim, mau e perverso, sendo assim precisa ser mortificado por um ascetismo rigoroso.

Identificar o pecado como parte do corpo é um erro. A santidade não consiste, somente, em coisas exteriores. A Bíblia ensina que a santificação parte de dentro para fora e não o contrário, pois como escreveu Paulo aos Tessalonicenses: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”(5.23).

Um pensamento legalista recorrente aos usos e costumes é pensar que isso seja a essência da santidade, quanto os usos e costumes são conseqüências da santidade e nunca a causa. Esses usos e costumes devem basear-se no princípio da moralidade, pudor e modéstia e não recorrer a eles como garantia da salvação, isso é legalismo farisaico. 

Não é bíblico ensinar que qualquer forma de lazer é pecaminosa ou que o crente para ser santo precisa viver longe das coisas materiais. Jesus foi a uma festa de casamento, mas sabia separar o que era legítimo e impróprio, tinha Ele discernimento.

b) A dicotomia sagrado/secular valoriza uma adoração estética, voltada em manifestações vocais, corporais e rítmicas; ligada a um espaço físico.

Hoje muito se fala em louvor e adoração, porém ligada a uma estética, uma inovadora fórmula. Biblicamente falando, a adoração não está presa à música ou outras manifestações vocais e rítmicas. Adoração é um estilo de vida, é mais do que música, culto e instrumentos musicais, são uma forma de viver, em todas as áreas da vida. Enquanto se adora com instrumentos, se deixa de louvar com testemunho público no pagamento de imposto. Essa dicotomia leva a drásticas conseqüências na vida cristã.

c) A dicotomia sagrado/secular separa drasticamente a constituição imaterial do homem, ensinando uma tricotomia dividida e não um ser holístico.

A antropologia neo-pentecostal faz uma separação acentuada entre espírito e alma/corpo. Para alguns “pseudo-mestres” da confissão positiva, o homem é um espírito que tem uma alma e habita em um corpo. A tricotomia desses “pseudo-mestres” é distorcida do ensinamento bíblico, pois nessa visão, o homem não é um ser unificado em sua constituição material e imaterial e sim divido.

Os hereges veem possibilidade de um demônio possuir a o corpo de um cristão. Nessa concepção, o corpo é inferior ao espírito, semelhante o pensamento platônico. Muitos dos conceitos expostos são semelhantes aos apresentados pelos gnósticos, seita muito combatida pelos apóstolos Paulo e João e os pais da igreja. O gnosticismo se relaciona com o neoplatonismo, e têm várias características em comum, entre elas essa visão tricotômica distorcida. O dr. Paulo Romeiro observa:

O tricotomismo extremado da antropologia da Confissão Positiva, que identifica o “verdadeiro eu interior” do homem como fundamentalmente divino, residindo exclusivamente em seu espírito, num contraste radical em relação ao seu corpo e alma transmutados por poderes demoníacos, é muito mais característica da mitologia gnóstica do que o ponto de vista judaico-cristão sobre o homem. 7 (ROMEIRO,  1999, p. 130).

Esses são alguns efeitos do conceito dicotômico no pensamento cristão. É bom lembrar que essa divisão entre o sagrado/profano contraria a visão bíblica de que tudo deve ser feito para Deus, “portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus”(1 Co 10.31) e “se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence à glória e o poder para todo o sempre. Amém”(1 Pe 4.11).


Referências bibliográficas:

[1]-PERCEY, Nancy. Verdade Absoluta. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 85-90.

[2]-MIES, Françoise(org). Bíblia e ciências. São Paulo: Edições Loyola, 2007, p.37.

[3]-GONÇALVES, José. Por que caem os valentes? 4 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.83.

[4]-ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise. 4 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p.130.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cosmovisão Bíblica Reformada: Criação, Queda e Redenção

RESENHA
Jeferson Roberto Lustosa

WOLTERS, Albert. M. A Criação Restaurada: Base Bíblica para uma Cosmovisão Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 127 p. Tradução Denise Meister, do titulo original Creation regained.

            O pressuposto central da Escritura Sagrada no que concerne à existência da ordem criada é que Deus criou todas as coisas e, que esta premissa pode se constatada na estrutura da natureza nos aspectos gerais e particulares da revelação. Deus ao criar céus e terra, dispensou sua graça em toda a criação, como em todas as manifestações que o homem iria produzir em múltiplas áreas da existência humana, ou seja, a Escritura abrange as questões ordinárias da vida e, não somente a privatização da teologia como moralidade pessoal e sagrada, separando-a de um âmbito muito maior das questões humanas classificado como profano ou secular.
            Albert M. Wolters é professor associado de Religião e Teologia e, línguas clássicas no Redeemer College e autor de A Criação Restaurada. Wolters em sua obra literária busca apresentar a essência da cosmovisão bíblica e o quanto ela é significante para nossa vida global, Albert M. Wolters escreveu esse breve e objetivo exame da cosmovisão reformada.
            A cosmovisão reformada apresentada nesta obra do autor vem desconstruir o pensamento tomista de natureza e graça, que dicotomiza a vida cristã, deixando-a fragmentada em seus raios de ação.
Wolters inicia definindo a natureza e o escopo da cosmovisão, distinguindo-a da filosofia como tal e apontando a grande variedade de cosmovisões propostas dentro da comunidade cristã através da história. O autor coloca que uma cosmovisão é um guia para a vida humana e, mesmo quando ela existe de forma inarticulada e inconsciente não deixa de trabalhar como uma bússola.
A cosmovisão que deve ser vivenciada é aquela que nasce da Escritura, pois a teologia cristã olha para a Bíblia à luz das categorias básicas da criação, que Wolters vai desenvolver ao longo de sua obra.   
Então ele segue esboçando uma análise reformada de três pontos decisivos na história humana: a Criação, a Queda e a Redenção; concluindo que o mal não é condição necessária para o mundo criado e que, portanto, o mundo pode ser restaurado ao estado de perfeição. É responsabilidade cristã, argumenta Wolters, lutar por esse realinhamento com as ordenanças de Deus.
Em seu capítulo da criação ele aborda como o mundo foi criado originalmente e, quais eram os propósitos originais. A palavra de Deus na criação tem extensão nas estruturas da sociedade no mundo das artes, nos negócios, pois Deus criou as coisas para serem vividas e recebidas com ações de graça. Por isso, a revelação da criação divina comunica Sua existência e Seu domínio em todas as esferas da vida.
A idealização divina ao criar não se limitou a esfera espiritual do homem, mas no desenvolvimento holístico do homem, onde a terra criada será social e cultural, promovendo a civilização, pois leis criacionais foram validadas para o mundo da flora e da fauna, como leis validadas para a sociedade e a cultura que homem iria formar.
Na terceira parte o autor expõe a queda como outro ponto decisivo na história da revelação. Ele nos informa que a extensão da desobediência do homem atingiu o mundo não-humano também. Todas as estruturas da sociedade foram atingidas e se rebelaram contra o Criador. Com a queda a criação é mal usada e explorada para fins pecaminosos. Mesmo com a realidade do pecado, a criação não é anulada, pois sua estrutura é ancorada na lei criacional, mas a direção da criação é antagônica a pessoa de Cristo. Enfatiza que a graça comum de Deus esta em todas as áreas da criação e, dividir a criação em compartimentos de Sagrado e Profano é ter uma posição gnóstica da realidade.   
Em seu quarto capítulo Wolters fecha esta tríade do processo revelacional, discorrendo sobre a redenção, fazendo duas afirmações: a redenção significando restauração, ou seja, o retorno à bondade de uma criação original; a restauração afeta toda a vida criacional e, não apenas uma área da vida.
Neste estágio chamado redenção, não é uma questão de acrescentar uma dimensão espiritual à vida humana, mas é uma questão de dar nova vida e vitalidade àquilo que existe, pois toda a criação esta incluída no escopo da redenção em Cristo Jesus.
A renovação que é direcionada para Cristo Jesus abrange renovações sociais e pessoais, sem dualidades fragmentadoras do ser humano. Todas as coisas estão debaixo do domínio da graça de Deus e, o sistema corruptor perpetrado pelo diabo não pode criar polaridade entre o público e o privado.
A leitura da obra de Wolters é obrigatória para quem quer ter uma visão ampla no processo da revelação progressiva de Deus e, a história da redenção. O livro é relevante e pertinente, para a construção de uma cosmovisão bíblica de integralidade da criação, onde a criação foi criada originalmente, tendo sido distorcido pela queda, criação esta que não pode ser nem divinizada ou demonizada e, a providência restauradora de Deus com o Senhorio de Cristo. O autor é conciso e objetivo em sua proposta, em afirmar que a cosmovisão reformada é a única capaz de levar o mundo aos padrões prescritos nas Escrituras Sagradas.                                   



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A IGREJA ANTES DA REFORMA E A REFORMA



Começamos analisando a situação da Igreja Católica Apostólica Romana no final da Idade Media. Esse período, chamado “Baixa Idade Media”, Séculos 14 e 15, foi marcado pelo desanimo intelectual, imoralidade e corrupção da Igreja Romana. Se não fosse por estes dois séculos, hoje a Idade Media não seria lembrada de modo tão negativo. Antes destes séculos, houve muita produção escruta, com o pensamento de Agostinho e Tomas de Aquino; o Cristianismo espalhou-se por todo o mundo e surgiram as Universidades. Mas estes dois séculos que vieram antes da Reforma protestante de Martinho Lutero e João Calvino foram marcados pelo erro. Neste período o povo vivia com medo da Igreja, com fome e explorados economicamente pelos impostos papais. Alem disso, o povo não conhecia a Deus, pois não tinha qualquer acesso a sua Palavra. A Bíblia era um livro fechado e os sacerdotes se julgavam donos da revelação de Deus. Na idade Media o objetivo da Igreja era estabelecer um império de proporções mundiais, tendo a tradição oral e a palavra do papa como únicas autoridades sobre as áreas da vida humana. Um só idioma deveria ser falado, de forma que a liturgia do culto fosse idêntica em todas as igrejas. O historiador David Schaff diz que, nesta época, exaltava-se o sacerdócio e desprezavam-se os direitos dos homens comuns. Enquanto o papa possuía poderes de Imperador, seus sacerdotes e outros clérigos recebiam o status de reis e nobres. Qualquer reação que ameaçasse diminuir a autoridade da Igreja era duramente combatida com excomunhão e censuras [1]. Vejamos quais os principais elementos de total desvio da Palavra de Deus neste período.

1 - A Falsa Autoridade da Igreja

A supremacia papal dizia que o pontífice romano, o papa, era a representação de Deus na terra ou o vigário de Cristo (aquele que assume o lugar de Cristo). Sendo assim, as decisões papais feitas através de decretos ou bulas tinham autoridade maior do que a Escritura. Salvação naquela época era o mesmo que obediência ao papa. Sendo ele o soberano representante de Deus, não só a Igreja estava sob seu comando, mas também toda a lei civil. O papa Gregório VII defendeu a idéia de que o papa “e o único que deveria ter os pés beijados pelos príncipes”, depor imperadores e absolver ou não os súditos dos impérios de suas obrigações feudais [2]. O chefe da Igreja comandava também a vida comum e a propriedade dos cidadãos de todo o império [3]. A bula papal, anunciada pelo para Bonifacio VII em 1302, chamada de “Unam Sanctam” dizia que, assim “como houve um única arca, guiada por apenas um timoneiro, assim também havia uma única santa, católica e apostólica igreja, presidida por um supremo poder espiritual, o papa, que podia ser julgado apenas por Deus, não pelos homens. Desta forma ele concluiu: “Declararmos, estabelecemos, definimos e pronunciamos que, para a salvação, e necessário que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano [4]”. O sistema sacramental era outra grande estratégia da Igreja daquele tempo. Através desse sistema, os sacerdotes recebiam poderes incríveis como, por exemplo, perdoar os pecados do povo e também de conceder ou retirar a vida eterna. Dessa forma, a Igreja Católica Romana caiu em grande erro. Quando alguém se afasta da Bíblia, pensa que e Deus. Autoridade da Igreja e Jesus Cristo e não ha quem possa substituí-lo. Ele, e só ele, e o cabeça da igreja (Ef 1.22; Ef 5.23).

2 - O Falso Poder da Igreja

O papa Inocêncio III organizou a forca policial da Igreja. Esta foi a mais terrível estratégia da Igreja. Qualquer divergência contra ela era tratada como se fosse crime, cuja punição não estava reservada apenas neste mundo, com prisões, tortura e morte, mas também no mundo vindouro, onde o insubmisso queimaria no inferno. Esta policia chamava-se Inquisição. O papa poderia também fazer uso do interdito, com uma espécie de intervenção da igreja nos reinados do Império, quando o chefe da Igreja assumia o lugar do rei, como aconteceu com o Rei John da Inglaterra em 1213. Foram muitos os abusos e perseguições nesta época. Seres humanos sem direitos, sem liberdade e sendo terrivelmente explorados e censurados quando a sua liberdade de consciência. A Igreja se afastava da às doutrina e colocava em seu lugar um falso poder, uma autoridade mágica passa longe dos princípios eternos das Sagradas Escrituras. Este poder era totalmente falso porque, nas Escrituras, o poder da igreja vem de Cristo e subordinado a sua autoridade (Mt 28.18). Este poder, de modo algum, pode ser exercido com tirania, mas sim de acordo com a Palavra de Deus e sob a direção do Espírito Santo.

3 – A Falsa Santidade da Igreja

Nas ultimas décadas antes da reforma de Martinho Lutero e do Renascimento houve uma aberta demonstração da imoralidade entre os lideres da Igreja. Aqueles que se diziam ocupar o lugar de Deus na terra mergulharam de uma vez por todas na corrupção e na prostituição. Houve quem comparasse os papas desta época aos terríveis imperadores romanos que viveram próximos ao inicio da era crista e foram reconhecidos pela sensualidade e imoralidade. Corrompido dessa forma, o poder foi usado para favorecer os oficiais da Igreja e seus parentes. Papas nomeavam sobrinhos e familiares próximos, alguns deles na idade de adolescência, para assumirem bispados e arcebispados por todo o império. Ser líder da Igreja era um grande negocio. Schaff fala um pouco mais sobre a moralidade do clero naquele tempo: “Os cardeais que residiam em Roma não procuravam resguardar as amantes das vistas do publico. A paixão do jogo os envolvia na perda e no ganho de somas enormes, em uma só noitada. Os papas assistiam a sujas comedias, representadas no Vaticano. Seus filhos se casavam nas próprias câmaras do Vaticano e os cardeais se misturavam às senhoras que acorriam como convidadas, as brilhantes diversões que os papas arranjavam” [5].

4 – Uma Igreja Enfraquecida

Todos esses atos de dominação, corrupção e imoralidade acabaram enfraquecendo a igreja. O papa acabou perdendo o respeito e o prestigio das ordens leigas da igreja que estavam submetidas a ele. Em 1309 o centro ou sede da Igreja deixou Roma para se estabelecer em Avignon na Franca. Durante 68 anos a Cúpula da Igreja foi francesa. Depois, com Gregório XI, a Igreja voltou a Roma. Mas alguns cardeais franceses não se conformaram com a sede do papado em Roma e elegeram um papa para si, que governou a Igreja novamente de Avignon. Este foi um período da historia que contou com a existência de dois papas. Um em Roma, Clemente VII e outro em Avignon, Urbano VI, na Franca. Ambos se diziam sucessores do apostolo Pedro. De acordo com o historiador E.E.Cairns, o norte da Itália, grande parte da Germânia (Alemanha), a Escandinávia e a Inglaterra seguiram o papa romano. Franca, Espanha, Escócia e sul da Itália seguiram o para Frances. Esta divisão continuou ate o século seguinte [6]. Esse poder dividido contribuiu para o desgaste daquela autoridade pretendida pela Igreja Romana. Com o declínio da autoridade, a Influencia da Igreja no mundo começa a diminuir. Começam a surgir as cidades estados que se opõem contra a pretensa soberania mundial do papa. As nações começaram a se seara do Santo império Romano e passaram a ser comandadas por um rei, que com seu exercito, protegia seus súditos contra a exploração da Igreja. A Inglaterra e a Boemia foram às primeiras regiões da Europa a se manifestarem contra o domínio papal. Surgiram a partir de então movimentos internos que clamavam por reforma. Dentre esse destacamos os personagens de John Wycliff, na Inglaterra e Jonh Huss na Boemia. Esses acontecimentos sucessivos demonstram a presença de Deus na historia, abrindo espaço para Reforma de Martinho Lutero, João Calvino e Ulrich Zwinglio. O caminho para renascimento das artes, da ciência e da religião começa a ser trilhado.

Conclusão:

Os dois últimos séculos antes da Reforma formaram um verdadeiro período de trevas. Deus, então, preparou homens e mulheres para uma grande transformação de proporções mundiais, cujos efeitos chegam até nós hoje. Tanta imoralidade e perversão acabaram por propiciar a entrada deste novo movimento. O mundo necessitava de Deus, da sua Palavra e de uma transformação que abrangesse não só a sua vida espiritual, mas também a restauração da dignidade humana. Tudo isso veio com a Reforma do século 16. Hoje o homem continua necessitando de Deus. E o momento de avaliarmos a missão da Igreja de Cristo e começarmos a produzir frutos que promovam a gloria de Deus e resgatem a dignidade humana que esta mergulhada no pecado, na corrupção e na violência do mundo atual.

Nota

[1] - D.S.SCHAFF Nossa Crença e a de nossos Pais São Paulo: Imprensa Metodista, 1964. P.48.
[2] – Timothy GEORGE Teologia dos Reformadores São Paulo: Vida Nova, 1994. P.35
[3] – Nossa Crença e a de Nossos Pais, p. 49.
[4] – Teologia dos Reformadores, p. 35.
[5] – Nossa Crença e a de Nossos Pais, pp. 58-59.
[6] – E.E.CAIRNS  O Cristianismo Através dos Séculos São Paulo: Vida Nova, 1992. P.201.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

CRISE DE LEGITIMIDADE DA AUTORIDADE PASTORAL

A filosofia das luzes preconizou a ideia de que só há legitimidade na autoridade da razão considerada apta para legislar para si, sem a tutela de qualquer heteronomia. Para Max Weber, a legitimidade do poder legal funda-se na crença da legalidade das normas de um regime, estabelecida propositalmente e de modo racional. De forma diferente, a autoridade tradicional busca fundamentar sua legitimidade no respeito às instituições consagradas pela tradição e à pessoa que detém o poder, cujo direito de comando é conferido pela tradição.
O século 18 legou à sua posteridade o preconceito, no sentido negativo, em relação à tradição, compreendendo que esta sempre esteve atrelada ao complexo da religião. Como os postulados desta última foram enfraquecidos pelo uso instrumental da razão iluminista (quando esta critica o caráter indemonstrável de realidades prescritas nas crenças teológicas), a autoridade da tradição religiosa foi vilipendiada pela afirmação preconizada no aforismo kantiano: “O Iluminismo é a saída do homem de sua minoridade”.
A autonomização do eu, reivindicada na sugestiva filosofia da existência do niilismo nietzschiano, reforçou a tese iluminista da decadência da religião no Ocidente pós-cristão. E com seu declínio, houve desdobramentos axiológicos que acabaram sendo exportados para o âmbito social das interações intraeclesiásticas.
A pluralização do fenômeno religioso, uma consequência do processo da secularização, também contribuiu para o inflacionamento da crise de legitimidade da autoridade religiosa. Considerando que por trás desta crise de natureza política da autoridade traditivo-religiosa existe uma pergunta com intenção de desconstruir a plausibilidade da autoridade dos dogmas cristãos, a consequência desta crise acabou afetando a dimensão subjetiva da psicologia humana no contexto da sociedade moderna. A relativização da verdade teológica, na era da ciência moderna, descapitalizou a submissão cognitiva irrestrita mesmo das pessoas que transitam no reino da religião que se insere no contexto da modernidade, produzindo a atitude irreverente destas frente a quaisquer representantes oficiais da religião que fala em nome da fé.
Quando se pergunta sobre a crise de legitimidade autoridade pastoral no mundo contemporâneo, deve-se ter em mente o contexto histórico-cultural em que esta se encontra envolta. No caso dos pastores evangélicos brasileiros, há ainda outros agravantes.
O mau uso do princípio hermenêutico do “livre exame” acabou fomentando a construção de um “ethos” pastoral em que se prescinde da necessidade de uma boa formação cognitivo-moral por parte dos pastores, como se quisesse comunicar com isso que o compromisso da fé com a verdade e a justiça não é uma “conditio sine qua non” para o legítimo exercício da atividade poimênica.
Como na modernidade “radical” se percebe o desenvolvimento do fenômeno sociocultural da destradicionalização (que se traduz em perda de plausibilidade da tradição em sentido amplo), a autoridade religiosa como um todo, e a pastoral em específico, também sofre o efeito colateral deste fenômeno macrocultural no Ocidente.

O caráter pragmático que parece ter incorporado a espiritualidade evangélica brasileira acaba sugerindo uma forma de reflexividade presente em seu arcabouço moral. Os riscos presentes na sociedade do medo, prenhe de infindáveis ameaças sociais (dentre elas a desempregabilidade estrutural que pode ser desencadeada com a crise do capitalismo global), produzem um senso de vulnerabilidade cada vez maior, mesmo na psicologia das pessoas religiosas.
Neste sentido, o caráter funcional da espiritualidade das religiões de prosperidade acaba acentuando o descompromisso cognitivo com a verdade como forma de ser e pensar o mundo a partir da fé. O senso pragmático que se insinua aí torna o compromisso da fé com a verdade cada vez menos relevante: a verdade de quem é moralmente o pastor; a verdade dos valores que este preserva na forma de viver eticamente seu ministério; a verdade de suas pretensões vocacionais no exercício de sua atividade poimênica. O carisma se torna critério suficiente de legitimação do exercício poimênico que se exerce neste contexto religioso.
A consequência que surge deste cenário desencantador não pode ser outra senão o descrédito endêmico dado ao pastor, seja ele sério e comprometido com valores éticos da fé, seja ele um picareta que se esconde por trás da demagogia de um discurso persuasivo e arrebatador, representando um tipo de espiritualidade funcional no mercado da fé. No escopo desta crise de legitimidade da autoridade pastoral, “o destino de um, infelizmente, acaba sendo compartilhado por todos”. (grifo pertinente)  


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

MANIFESTO CRISTÃO



A maior parte do cristianismo evangélico hoje é fundamentado em clichês. A maior parte do nosso cristianismo vem de músicos que se dizem cristãos, e não da bíblia. A maior parte do que os evangélicos acreditam é ditado pela cultura secular e não pela escritura. 

Poucos são os que encontram a porta estreita. Consequentemente, as ideias mais populares possivelmente não são os conceitos mais próximos da verdade bíblica. Nos dias de hoje, desconfie de qualquer “Best-seller”. Desconfie de qualquer um que for sucesso ou um furacão de vendas, simplesmente porque a genuína verdade cristã jamais foi e nunca será “digerida” pelas massas. A maior prova disso, é que mataram o seu autor. Se caiu no gosto da maioria é falso. Lembre-se, Jesus se referiu aos seus verdadeiros seguidores como “pequenino rebanho”.

A apostasia que a Bíblia nos advertiu que seria evidente nos últimos dias já está em pleno andamento. Somente aqueles que se mantiverem firmes a Palavra de Deus serão protegidos e salvos. Este remanescente de crentes fiéis será visto como pessoas antiquadas e de mentalidade fechada. 

A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelo evangelista moderno. Eles anunciam um Salvador do inferno ao invés de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do Lago de fogo, mas que não têm nenhum desejo de ficarem livres de sua pecaminosidade e mundanismo. Sem santificação ninguém verá o Senhor.

Os Evangélicos modernos procuram encher suas igrejas de analfabetos bíblicos, convencendo-os que eles irão para o céu, simplesmente porque levantaram a mão e fizeram uma oração, como sinal de aceitação de Jesus como Salvador, e que Ele vai lhes dar o sucesso familiar, social e financeiro, se tiverem um nível de moralidade considerável e forem dizimistas fiéis; o que se constitui propaganda enganosa.

Muitos dizem não ter vergonha do evangelho, mas são uma vergonha para ele. A primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade egocêntrica, com nenhuma consciência missionária. Consideram tudo no mundo muito “normal” e não veem nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é uma forma de fanatismo religioso impróprio e não demonstram nenhuma preocupação em lutar pelo que creem.

Você sabia que 80 á 90% das pessoas que “aceitam a Cristo” em trabalhos evangelísticos se “desviam” depois? O motivo de tudo isso tem sido esse evangelho centrado no homem que é pregado nos púlpitos, nas TVs e nas casas, onde o bem-estar e a prosperidade tem se tornado “mais valiosos” que o próprio sangue de Cristo. A graça já não basta mais (apesar dos louvores e acharmos Cristo tão meigo). O que nós realmente queremos é “o segredo” para sermos bem-sucedidos. Desejamos “uma vida com propósitos” para taparmos com peneira o vazio que sentimos. O Vazio de um espírito morto que somente Deus pode ressuscitar. Queremos “o melhor de Deus para nós” nesta vida, no lugar de tomarmos a nossa cruz e de negarmos a nós mesmos. Queremos conhecer “as leis da prosperidade” mais do que o Espírito de Santidade; e, para nos justificarmos, tentamos ser pessoas auto-motivadas e de alta performance, antes de sermos cristãos cuja alegria está em primeiro lugar Nele; e santos bem aceitos pelo mundo a despeito das Palavras de Jesus contrariar esse posicionamento.

A falha do evangelismo atual reside na sua abordagem humanista. Esse evangelho é francamente fascinado com o grande, barulhento, e agressivo mundo com seus grandes nomes, o seu culto a celebridade, a sua riqueza e sua pompa berrante. Para os milhões de pessoas que estão sempre, ano após ano, desejando a glória mundana, mas nunca conseguiram atingi-la, o moderno evangelho oferece rápido e fácil atalho para o desejo de seus corações. Paz de espírito, felicidade, prosperidade, aceitação social, publicidade, sucesso nos negócios, tudo isso na terra e finalmente, o céu. Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, ele nunca teria sido crucificado. 

Hoje temos o espantoso espetáculo de milhões a ser derramado na tarefa de proporcionar irreligioso entretenimento terreno aos chamados filhos do céu. Entretenimento religioso é, em muitos lugares rápido meio de se esvaziar as sérias coisas de Deus. Muitas igrejas nestes dias tornaram-se pouco mais do que pobres teatros de quinta categoria onde se "produz" e mercadeja falsos “espetáculos” com a plena aprovação dos líderes evangélicos, que podem até mesmo citar um texto sagrado fora de contexto em defesa de suas delinquências. E dificilmente um homem se atreve a levantar a voz contra isso. 

A maioria dos crentes não acredita que a Bíblia diz o que está escrito: acreditam que ela diz o que eles querem ouvir. Contornar a Palavra de Deus e chamar os nossos desejos de direção divina, só leva à multiplicação do pecado. Há muitos vagabundos religiosos no mundo que não querem estar amarrados a coisa alguma. Eles transformaram a graça de Deus em libertinagem pessoal e muitas vezes coletiva. Se você crê somente no que gosta do evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em você mesmo. 

Ai de vocês que pregam seu falso evangelho, transformam a casa de Deus em comércio. Vendem seus CDs, vendem seus falsos milagres, vendem suas falsas unções, vendem falsas promessas de prosperidade, enquanto na verdade só vocês têm prosperado. Como escaparão do juízo que há de vir? 

"Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la?" Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido." João 6:60;66-65

OBS: MANIFESTO DIVULGADO EM VÁRIOS BLOGS, EXTRAÍDO DO BLOG "AO ÚNICO DEUS VERDADEIRO" DE VICTOR SILVA.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O SAUDÁVEL PONTO DE INTERROGAÇÃO QUE AMY NÃO EXPERIMENTOU


As perguntas são mais importantes do que as respostas. Sem perguntas não há respostas. A arte de fazer perguntas é a didática por excelência.

As perguntas podem fazer emergir a ignorância, o equívoco e a soberba, até então cuidadosamente escondidos. Podem causar uma bem-aventurada confusão mental temporária, necessária e terapêutica. Podem provocar pausa, introspecção e auto-análise. Podem abrir caminhos para mudanças profundas e definitivas, tanto no pensamento como na ação.

O livro O Princípio Esperança (Contraponto Editora), de Ernst Bloch (1885-1977), começa com cinco perguntas “secas, diretas e essenciais”: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Que esperamos? O que nos espera?” A pessoa que der atenção a essas perguntas será ricamente  recompensada.

A pedagogia do questionamento é convincente nas Sagradas Escrituras. Deus não deu nenhum sermão ao homem logo após a queda. Apenas lhe fez perguntas. E que perguntas! Foram três: “Onde você está? Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?”

Deus usou a mesma didática com Caim, antes de ele matar Abel: “Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? Se você fizer o bem, não será aceito?” Depois de Caim ter rejeitado o caminho do bem e assassinado o irmão, veio a pergunta: “Onde está seu irmão Abel?” (Gn 4.6-9.)

O profeta Jonas foi sabatinado à exaustão. A tripulação do navio que o levava a Társis quase o sufocou com tantas perguntas: “Quem é o responsável por esta calamidade [o mar revolto]? Qual é a sua profissão? De onde você vem? Qual é a sua terra? A que povo você pertence? O que foi que você fez? O que devemos fazer com você, para que o mar se acalme?” (Jn 1.8-11).

As perguntas bem feitas e curativas em geral são altamente desconcertantes. Jesus era mestre nas perguntas incômodas. Ele fechava a boca dos outros e os deixava envergonhados manobrando com jeito o ponto de interrogação. Ao único leproso que voltou para agradecer a bênção da cura, o Senhor perguntou: “Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc 17.17-18). Aos apóstolos que discutiam entre si para saber qual deles era o maior, Jesus fez apenas uma “inocente” pergunta: “O que vocês estavam discutindo no caminho?” (Mc 9.33.)

Além das perguntas contidas nas Escrituras e das perguntas que pessoas inteligentes e caridosas nos fazem, nós mesmos podemos nos perguntar muitas coisas, para o nosso próprio bem, a exemplo do teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, que se opôs ao nazismo e morreu enforcado pelo regime exatamente há 60 anos: “Quem sou eu? Este ou aquele? Sou hoje este e amanhã um outro? Sou ambos ao mesmo tempo? Diante das pessoas um hipócrita? E diante de mim mesmo um covarde queixoso e desprezível?”

Martyn Lloyd-Jones também fez algumas perguntas embaraçosas, como: Qual o nosso desejo supremo? Procuramos resultados terrenos e carnais? Temos sede e fome de quê? De riqueza, dinheiro, categoria, posição, publicidade?

Certamente Amy Winehouse se fez algumas perguntas ao longo dos seus 27 anos. Talvez, ela não conseguiu fazer perguntas que a levasse ao encontro com a realidade metafísica, revelada nas Escrituras, assim ficou presa no seu entorpecimento alucinatório terrenal. A morte foi um detalhe, quando comparada a morte eterna sob a ira divina eterna. 

domingo, 24 de julho de 2011

IRONIA - NADA MAIS DO QUE IRONIA

Morris Cerullo

Antes de tudo quero pedir perdão aos meus amigos ortodoxos e fundamentalistas (no sentido de amar o que está escrito na Bíblia e não no sentido de tradicionalismo. Quando eu usar essa expressão, esse será o sentido). Perdoem-me por durante tanto tempo tê-los deixado enganados, mas preciso pregar para vocês a verdade. A verdade é que fomos salvos para sermos ricos e não para vermos a face do grande Rei.

Quero alertá-los para tomarem muito cuidado com a Bíblia, para que usá-la se temos revelações modernas do mesmo nível das que estão na Bíblia? Para que usar a Bíblia se doutrinas maravilhosas e que tem trazido tanta edificação não estão nas páginas da Bíblia? Tomem cuidado com a Bíblia. A Bíblia não traz mandamentos acerca de batalha espiritual, não nos ensina fazer mapeamento espiritual, não nos ensina a jogar óleo de helicóptero em determinada cidade, não nos ensina a quebrar maldições hereditárias, não nos ensina que o G12 é o modelo para o milênio, a Bíblia está defasada. Os cristãos primitivos não tiveram o nível de revelação que se tem tido nesses dias.

Vou te contar uma coisa meu irmão e por favor, conte para todos seus conhecidos. Você sabe por que Deus permitiu que Jó perdesse tudo? Não foi para que ele fosse provado como se alega. Na verdade o escritor do livro de Jó não queria contar para não sujar a imagem de Jó, mas ele passou por isso tudo porque não fazia “sacrifícios” de fé, só dava a oferta e o dizimo, mas não fazia sacrifícios. Que tipo de crente é esse ? Jó era um crente sem fé.

Você sabe qual o pior apóstolo bíblico? Que pena, você não tem lido a Bíblia! O pior apóstolo não foi Judas, mas sim Paulo. Paulo era um homem sem fé, não tinha metade da revelação que temos. Paulo foi preso ao libertar uma advinha das garras do diabo (At 16), simplesmente por não ter DECRETADO sua liberdade! Por que você acha que os judeus planejavam matar Paulo? Simplesmente, porque ele ainda não conhecia o verdadeiro evangelho! Por que o navio, no qual Paulo estava, naufragou? Porque ele antes de sair de casa não disse “Eu Decreto que o navio não vai afundar”, ele deve ter se esquecido que as palavras tem poder! Por que será que uma cobra mordeu Paulo (At 28:1-3)? A cobra o mordeu porque ele se esqueceu do Salmo 91 que diz “pisarás o leão e a áspide/cobra...”! Porque Paulo passou fome e necessidades (Fl 4:11-13)? Porque ele se esqueceu que temos direito d e ”comer o melhor dessa terra”.

Porque Timóteo tinha problemas no estômago? É pelo simples fato de ele não ter tido aulas com Kenneth E. Hagin, se ele tivesse estudado no instituto Rhema, teria aprendido, até mesmo, repreender o vento. Aleluia!

Sinceramente, não sei como pude ser ortodoxo e um cristão pentecostal fundamentalista por tanto tempo. A nossa Bíblia não é capaz de nos ensinar muitas coisas, então, o segredo é usar os livros de Kenneth E. Hagin, Neuza Itioka, Rebeca Brown e C. Peter Wagner. Que tristeza! Estou até agora chocado com a dura realidade que se apresenta a mim! Eu, durante toda minha vida fui enganado pelo evangelho 100% bíblico, quando tudo que eu devia fazer nesse novo milênio era aceitar TUDO o que os santos apóstolos tem a dizer. Que Deus tenha misericórdia de mim!

O irmão neopentecostal não gostou da minha ironia? Problema é seu! Não assinei contrato algum que me obrigasse a falar aquilo que você gosta. Se você quiser continuar aceitando as espúrias doutrinas neopentecostais fique a vontade.

OBS: Extraído do blog "Pelas Escrituras" Semeando a Palavra. Uma ironia ao neo-pentecostal Morris Cerullo, quanto as suas práticas de mercadejar o evangelho.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

OS HEREGES ARMINIAMOS SEMPRE EXISTIRÃO


Silas Malafaia, Joanib Palharim, R.R. Soares, Edir Macedo, Robson Rodovalho e tantos outros, o que existe de comum entre estes homens? São todos HEREGES! A heresia parece que é verdade, mais não é, estes homens abraçaram a teologia ARMINIANA, esta teologia é uma negação da saudável teologia CALVINISTA REFORMADA,  os arminianos negaram a doutrina reformada calvinista, e desenvolveram os cinco pontos do arminianismo, o que é na verdade a negação da doutrina reformada das Escrituras Sagradas, segue abaixo um informativo histórico e depois um comparativo.

Jacobus, Arminius, nome verdadeiro Jacob Harmensen, Hermansz, ou ainda Harmenszoon (1560-1609), holandês, teólogo e ministro da Igreja Reformada Holandesa que se opôs ao dogma da predestinação e desenvolveu sua própria doutrina conhecida depois como arminianismo. Seu pai faleceu quando Arminius era criança; dois benfeitores custearam seus estudos sucessivamente na escola primária e depois nas universidades de Leiden (1576-1582), Basel e Geneva (1582-1586). Foi ordenado em Amsterdã em 1588, onde se casou. Em 1603 Arminius foi convidado para uma cadeira de teologia em Laiden, que ele manteve até sua morte. Pôs-se contra seu colega Franciscus Gomarus, o qual pregava que aqueles eleitos para a salvação já estavam escolhidos por Deus antes da queda de Adão. Essa predestinação, - dogma professado pelo Calvinismo mais radical -, não deixava espaço para a misericórdia de Deus, nem para a vontade humana para alcançar a salvação. Então Arminius passou a afirmar uma eleição condicional, na qual a oferta divina da salvação poderia ser ou não afetada pela vontade livre do homem. Após sua morte alguns de seus seguidores deram apoio a suas teses assinando a "Remonstrance", um documento teológico, assinado em 1610, por 45 ministros e submetido aos Estados Gerais. O ponto crucial do arminianismo é que a dignidade humana requer uma total liberdade de vontade. O arminianismo remonstrante foi debatido em 1618-1619 no sínodo de Dordrecht, uma assembléia da Igreja Reformada Holandesa no qual todos os delegados eram seguidores de Gomarus. O arminianismo foi desacreditado e condenado pelo sínodo, os arminianos presentes foram expulsos, e muitos outros sofreram perseguição. Em 1629, no entanto, os trabalhos de Arminius (Opera theologica) foram publicados pela primeira vez em Leiden.   

CALVINISMO X ARMINIANISMO

Arminiano

LIVRE-ARBÍTRIO OU HABILIDADE HUMANA

Embora a natureza humana tenha sido gravemente afetada pela Queda, o homem não foi deixado em um estado de total incapacidade espiritual. Deus graciosamente capacita cada pecador a se arrepender e crer, mas Ele não interfere na liberdade do homem. Cada pecador possui uma vontade livre e seu eterno destino depende de como ele a utiliza. A liberdade do homem consiste em sua habilidade de escolher o bem, em lugar do mal, nos assuntos espirituais. A vontade do homem não está escravizada à sua natureza pecaminosa. O pecador tem o poder de cooperar com o Espírito de Deus e ser regenerado ou de resistir a graça de Deus e perecer eternamente. O pecador perdido necessita da assistência do Espírito de Deus; todavia, ele não tem de ser regenerado pelo Espírito Santo, antes que seja capaz de crer, pois a fé é um ato humano e precede o novo nascimento. A fé é o dom do pecador para Deus; é a contribuição do homem para a sua salvação.

Calvinista

DEPRAVAÇÃO TOTAL OU INCAPACIDADE TOTAL

Por causa da Queda, o homem é por si mesmo, incapaz de crer de maneira salvífica no evangelho. O pecador está morto, cego e surdo para as coisas de Deus; seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Sua vontade não é livre, está em escravidão à sua natureza pecaminosa; por isso, ele não escolhe — e realmente não pode escolher — o bem, ao invés do mal. Consequentemente, é necessário muito mais do que apenas a assistência do Espírito Santo, para trazer um pecador a Cristo; é necessário acontecer a regeneração por meio da qual o Espírito Santo vivifica o pecador e lhe dá uma nova natureza. A fé não é algo que o homem contribui para a sua salvação; pelo contrário, é uma parte do divino dom da salvação. A fé é um dom de Deus outorgado ao pecador, não é um dom do pecador para Deus.

Arminiano

ELEIÇÃO CONDICIONAL

Deus escolheu certos indivíduos para a salvação, antes da fundação do mundo, fundamentado em sua previsão de que eles atenderiam a chamada divina. Deus selecionou aqueles que Ele sabia creriam, por si mesmos, espontaneamente, no evangelho. A eleição, portanto, foi determinada ou condicionada ao que o homem faria. A fé que Deus viu antecipadamente e sobre a qual Ele fundamentou sua eleição não foi dada por Deus ao pecador (nem criada pelo poder regenerador do Espírito Santo); foi o resultado exclusivo da vontade humana. Foi deixado inteiramente ao homem aquilo que diz respeito a quem haveria de crer e, deste modo, quem seria eleito para a salvação. Deus escolheu aqueles que Ele sabia escolheriam a Cristo, por sua livre vontade. Assim a escolha do pecador por Cristo, e não escolha de Deus pelo pecador, é a causa essencial da salvação.

Calvinista

ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Deus escolheu certos indivíduos para a salvação, antes da fundação do mundo, fundamentado tão-somente em sua vontade soberana. A escolha divina de alguns pecadores em particular não se baseou em qualquer resposta de obediência por parte do pecador, vista por antecipação, tal como a fé, o arrependimento, etc. Deus outorga a fé e o arrependimento a cada pessoa que Ele mesmo escolheu. Esses atos são o resultado e não a causa da eleição divina. A eleição, portanto, não foi determinada pela escolha ou condicionada a qualquer qualidade virtuosa vista de antemão no homem. Aqueles que Deus escolheu soberanamente, Ele os traz a aceitarem voluntariamente a Cristo, por intermédio do poder do Espírito Santo. Deste modo, a escolha do pecador por parte de Deus, e não a escolha de Cristo por parte do pecador, é a causa essencial da salvação.

Arminiano

REDENÇÃO UNIVERSAL OU EXPIAÇÃO GERAL

A obra redentora de Cristo tornou possível que cada homem seja salvo, mas não assegura realmente a salvação de ninguém. Embora Cristo tenha morrido por todos os homens e em favor de cada indivíduo, somente aqueles que crerem nEle serão salvos. A morte de Cristo capacitou Deus a perdoar pecadores sob a condição de que creiam, mas realmente não remove os pecados deles. A redenção realizada por Cristo torna-se eficaz apenas se o homem decidir aceitá-la

Calvinista

REDENÇÃO PARTICULAR OU EXPIAÇÃO LIMITADA

A obra redentora de Cristo tinha o propósito de salvar apenas os eleitos e realmente assegurou a salvação para eles. A morte de Cristo foi um suportar vicariamente a penalidade do pecado, em lugar de certos pecadores específicos. Além de remover os pecados de seu povo, a redenção de Cristo assegura tudo que é necessário à salvação deles, incluindo a fé que os une a Cristo. O dom da fé é aplicado de maneira infalível pelo Espírito Santo a todos aqueles em favor dos quais Cristo morreu, garantindo, deste modo, a salvação deles.

Arminiano

O ESPÍRITO SANTO PODE SER EFICAZMENTE RESISTIDO

O Espírito Santo chama de maneira íntima todos aqueles que são chamados exteriormente através do convite do evangelho. Ele faz tudo o que pode para trazer o pecador à salvação. Mas, visto que o homem é livre, ele pode resistir com sucesso a chamada do Espírito Santo. O Espírito Santo não pode regenerar o pecador, enquanto este não crer; a fé (que é a contribuição do homem) precede e torna possível o novo nascimento. Assim, a vontade do homem limita o Espírito Santo na aplicação da obra salvífica de Cristo. O Espírito Santo só pode atrair a Cristo aqueles que permitirem que Ele realize sua obra. Até que o pecador responda favoravelmente, o Espírito Santo não pode lhe dar vida. Por conseguinte, a graça de Deus não é invencível; ela pode ser, e com frequência o é, resistida e frustrada pelo homem.

Calvinista

A GRAÇA EFICAZ (OU IRRESISTÍVEL)

Em complemento da chamada externa e geral para a salvação, chamada dirigida a todos que ouvem o evangelho, o Espírito Santo estende aos eleitos uma chamada interior e especial que inevitavelmente os traz à salvação. A chamada interior (dirigida tão somente aos eleitos) não pode ser resistida; sempre resulta em conversão. Por intermédio dessa chamada especial, o Espírito Santo atrai de maneira irresistível o pecador a Cristo. Ele não é limitado pela vontade humana em sua obra de aplicar a salvação; tampouco depende da cooperação do homem para ser bem-sucedido. O Espírito Santo leva graciosamente o pecador eleito a cooperar, a crer, a arrepender-se, a vir espontânea e livremente a Cristo. A graça de Deus, portanto, é invencível; ela nunca falha em resultar na salvação daqueles a quem ela é estendida.

Arminiano

CAIR DA GRAÇA

Aqueles que creem e são verdadeiramente salvos podem perder a sua salvação, por deixarem de preservar a sua fé, etc. Todos os arminianos não concordam nesse ponto; alguns afirmam que os crentes estão eternamente seguros em Cristo e que, tendo sido regenerados, eles não podem ser mais perdidos.

Calvinista

PERSEVERANÇA DOS SANTOS

Todos os que são eleitos por Deus, redimidos por Cristo e recebem a fé por intermédio do Espírito Santo são eternamente salvos. Eles são guardados na fé pelo poder do Deus todo-poderoso e, deste modo, preservados até ao final.
 

sábado, 9 de julho de 2011

Por que estou Comprometido em Ensinar a Bíblia

Pregue a Palavra

Os pastores de nossos dias sofrem tremenda pressão para fazerem tudo, exceto pregar a Palavra. Eles são instruídos pelos eruditos do Movimento de Crescimento de Igreja que têm de alcançar as “necessidades sentidas” dos ouvintes. São encorajados a se tornarem contadores de histórias, comediantes, psicólogos e preletores que motivam. São aconselhados a evitarem assuntos que os ouvintes acham desagradáveis. Muitos já abandonaram a pregação bíblica em favor de mensagens devocionais que têm o objetivo de fazer as pessoas sentirem-se bem. Alguns têm substituído a pregação por dramatização e outras formas de entretenimento.

Mas o pastor cuja paixão é completamente bíblica tem apenas uma opção: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).

Quando Paulo escreveu essas palavras a Timóteo, ele acrescentou este aviso profético: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fá- bulas” (vv. 3,4).

Com certeza, a filosofia de ministério do apóstolo Paulo não incluía a teoria de “dar às pessoas o que elas desejam”. Ele não instou Timóteo a realizar uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam; mas ordenou que ele pregasse a Palavra, com fidelidade, repreensão e paciência.

Na verdade, ao invés de insistir que Timóteo idealizasse um ministério que acumularia elogios do mundo, Paulo advertiu o jovem pastor a respeito de sofrimentos e dificuldades! O apóstolo não estava ensinando Timóteo sobre como ser bem-sucedido; estava encorajando-o a seguir o padrão divino. Paulo não o estava aconselhando a buscar prosperidade, poder, popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso. O apóstolo instava o jovem pastor a ser bíblico, apesar das conseqüências.

Pregar a Palavra nem sempre é fácil. A mensagem que somos exigidos a pregar é, com freqüência, ofensiva. O próprio Senhor Jesus é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33; 1 Pe 2.8). A mensagem da cruz é uma pedra de escândalo para alguns (1 Co 1.23; Gl 5.11) e loucura para outros (1 Co 2.3).

Não temos permissão para embelezar a mensagem ou moldá-la de acordo com as preferências das pessoas. O apóstolo Paulo deixou isto claro, ao escrever a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Esta é a mensagem a ser proclamada: todo o conselho de Deus (At 20.27).

No primeiro capítulo de sua segunda carta a Timóteo, Paulo lhe dissera: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste” (2 Tm 1.13). O apóstolo se referia às palavras reveladas por Deus nas Escrituras — todas elas. Paulo instou Timóteo a guardar o tesouro que lhe havia sido confiado. No capítulo seguinte, o apóstolo aconselhou Timóteo a estudar a Palavra e manejá-la bem (2 Tm 2.15). E, no capítulo 3, Paulo o aconselhava a proclamá-la. Deste modo, todo o ministério de um pastor fiel gira em torno da Palavra de Deus — manter, estudar e proclamar.

Em Colossenses, Paulo, ao descrever sua própria filosofia de ministério, escreveu: “Da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus” (Cl 1.25). Em 1 Coríntios, ele foi um passo além, afirmando: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.1-2). Em outras palavras, seu objetivo como pregador não era entreter as pessoas com um estilo retórico ou diverti-las com esperteza, humor, novos pontos de vistas ou metodologia sofisticada; o apóstolo simplesmente pregou a Cristo.

A pregação e o ensino fiel da Palavra de Deus têm de ser o âmago de nossa filosofia de ministério. Qualquer outra filosofia de ministério substitui a voz de Deus pela sabedoria humana. Filosofia, política, psicologia, conselhos despretensiosos, opiniões humanas jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz. Essas coisas podem ser interessantes, informativas, entreter as pessoas e, às vezes, serem úteis, mas elas não constituem o objetivo da igreja. A tarefa do pregador não é ser um canal para a sabedoria humana; ele é a voz de Deus para a igreja. Nenhuma mensagem humana tem o selo da autoridade divina — somente a Palavra de Deus. Como ousa qualquer pregador substituí-la por outra mensagem? Sincera-mente, não entendo os pregadores que estão dispostos a abdicarem deste solene privilégio. Por que devemos proclamar a sabedoria dos homens, quando temos o privilégio de pregar a Palavra de Deus?

Seja Fiel, Quer Seja Oportuno, Quer Não

Nossa tarefa nunca se acaba. Não apenas temos de pregar a Palavra de Deus, mas também precisamos fazê-lo apesar das opiniões divergentes que nos rodeiam. Somos ordenados a nos mostrarmos fiéis quando esse tipo de pregação for tolerado e quando não o for.Encaremos esse fato: pregar a Palavra agora não é oportuno. A filosofia de ministério norteada por marketing, que está em voga no presente, afirma claramente que proclamar as verdades bíblicas está fora de moda. Exposição bíblica e teologia são vistas como antiquadas e irrelevantes. Essa filosofia de ministério declara: “As pessoas que freqüentam a igreja não querem mais ouvir a pregação da Palavra. A geração do pós-guerra simplesmente não agüenta ficar sentada no banco, enquanto à sua frente alguém prega. Eles são frutos de uma geração condicionada pela mídia e precisam de uma experiência de igreja que os satisfaça em seus termos”.

O apóstolo Paulo disse que o pregador excelente tem de ser fiel em pregar a Palavra, mesmo quando isso não está na moda. A expressão que ele utilizou “esteja pronto” (no grego, ephistemi) literalmente significa “permanecer ao lado”, retratando a idéia de prontidão. Era freqüentemente usada para descrever uma guarda militar, sempre a postos, preparada para o dever. Paulo estava falando sobre uma intensa prontidão para pregar, assim como a de Jeremias, o qual afirmou que a Palavra de Deus era como um fogo em seus ossos. Isto era o que Paulo estava exigindo de Timóteo: não relutância, e sim prontidão; não hesitação, e sim coragem; não mensagens que motivavam os ouvintes, e sim a Palavra de Deus.

Corrige, Repreende e Exorta

Paulo também deu a Timóteo instruções a respeito do tom de sua pregação. Ele utilizou duas palavras que têm conotação negativa e uma que é positiva: corrige, repreende e exorta. Todo ministério de valor precisa ter um equilíbrio entre coisas positivas e negativas. O pregador que falha em reprovar e corrigir não está cumprindo sua comissão.

Recentemente, ouvi uma entrevista no rádio com um pregador bastante conhecido por sua ênfase em pensamento positivo. Esse pregador tem afirmado em seus escritos que evita qualquer menção do pecado em suas pregações, porque ele acha que as pessoas, de alguma maneira, estão sobrecarregadas com excessiva culpa. O entrevistador perguntou-lhe como ele poderia justificar essa atitude. O pastor respondeu que bem cedo em seu ministério havia decidido focalizar as necessidades das pessoas e não atacar seus pecados.Entretanto, a mais profunda necessidade das pessoas é confessar e vencer seus pecados. Portanto, a pregação que não confronta e corrige o pecado, através da Palavra de Deus, não satisfaz a necessidade das pessoas. Falas sentirem-se bem e res ponderem com entusiasmo ao pregador. Mas isso não é o mesmo que satisfazer suas verdadeiras necessidades.

Corrigir, repreender e exortar é o mesmo que pregar a Palavra de Deus, pois estes são os ministérios que as Escrituras realizam – “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Observe o mesmo equilíbrio de tom positivo e negativo. Repreensão e correção são negativos, ensinar e educar são positivos.

O tom positivo é crucial também. A palavra “exorta” é para kaleo, um vocábulo que significa “encoraja”. O pregador excelente confronta o pecado e, em seguida, encoraja os pecadores arrependidos a comportarem-se de maneira cor-reta. Ele tem de fazer isso, com “paciência e longanimidade” (2 Tm 4.2). Em 2 Tessalonicenses 2.11, Paulo falou sobre exortar, encorajar e implorar, “como um pai a seus próprios filhos”. Isto freqüentemente exige muita paciência e instrução. Todavia, o pastor excelente não pode negligenciar esses aspectos de sua vocação.

Não se Comprometa em Tempos Difíceis

Existe urgência no encargo de Paulo ao jovem Timóteo: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Tm 4.3). Esta é uma profecia que lembra aquelas que encontramos em 2 Timóteo 3.1 (“Sabe, porém isto: Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis”) e 1 Timóteo 4.1 (“O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé”). Este, portanto, é o terceiro aviso profético de Paulo advertindo Timóteo a respeito dos tempos difíceis que estavam por vir. Observe a progressão: o primeiro aviso dizia que viria o tempo em que as pessoas se apartariam da verdade. O segundo advertia Timóteo sobre o fato de que tempos perigosos estavam vindo à Igreja. E o terceiro sugere que viria o tempo em que haveria na igreja aqueles que não suportariam a sã doutrina e, em vez disso, desejariam ter seus ouvidos coçados.

Isso está acontecendo na Igreja hoje. O evangelicalismo perdeu sua tolerância em relação à pregação confrontadora. As igrejas ignoram o ensino bíblico sobre o papel da mulher na igreja, a homossexualidade e outros assuntos. O instrumento humano tem sobrepujado a mensagem divina. Esta é a evidência do sério comprometimento doutrinário. Se as igrejas não se arrependerem, esses erros e outros semelhantes se tornarão epidêmicos.

Devemos observar que o apóstolo Paulo não sugeriu que o caminho para alcançar nossa sociedade é abrandar a mensagem, de modo que as pessoas sintam-se confortáveis com ela. O oposto é verdade. Esse coçar os ouvidos das pessoas é uma abominação. Paulo instou Timóteo a estar disposto a sofrer por amor à verdade e continuar pregando a Palavra com fidelidade.

Um intenso desejo por pregação que causa coceira nos ouvidos tem conseqüências terríveis. O versículo 4 diz que essas pessoas “se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.4). Elas se tornam vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade. “Se recusarão” está na voz ativa. As pessoas voluntariamente escolherão essa atitude. “Entregando-se às fábulas” está na voz passiva; descreve o que acontece a tais pessoas. Tendo se afastado da verdade, elas se tornam vítimas do engano. Ao se afastarem da verdade, tornam-se presas de Satanás.

A verdade de Deus não coça nossos ouvidos; pelo contrário, ela os golpeia e os queima. Ela reprova, repreende, convence; depois, exorta e encoraja. Os pregadores da Palavra têm de ser cuidadosos em manter esse equilíbrio.

Sempre houve nos púlpitos homens que reuniram grandes multidões porque eram oradores dotados, interessantes contadores de histórias e preletores que entretinham os ouvintes; tinham personalidades dinâmicas; eram perspicazes manipuladores das multidões, políticos populares, elaboradores de mensagens que estimulavam os ouvintes e eruditos. Esse tipo de pregador pode ser popular, mas não é necessariamente poderoso. Ninguém prega com poder, se não pregar a Palavra de Deus. Nenhum pregador fiel minimiza ou negligencia todo o conselho de Deus. Proclamar toda a Palavra – essa é a vocação de todo crente.