Dr. Greg L. Bahnsen
Todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento devem ser encontrados em Cristo; assim, se alguém for tentar chegar à verdade aparte de um compromisso com a autoridade epistêmica de Jesus Cristo, ele será roubado através de uma vã filosofia e enganado por sutilezas astutas (veja Colossenses 2:3-8). Consequentemente, quando o cristão se aproxima da erudição, da apologética ou do campo dos estudos, ele deverecusar firmemente aquiescer às demandas errôneas da neutralidade em sua vida intelectual; ele nunca deve consentir em render suas crenças distintivas religiosas “por um tempo”, como se alguém pudesse através disso chegar a um conhecimento genuíno de maneira “imparcial”. O princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Provérbios 1:7).
Tentar ser neutro nos seus esforços intelectuais (seja a investigação, argumentação, raciocínio ou ensino) é equivalente a tentar apagar a antítese entre o cristão e o incrédulo. Cristo declarou que o primeiro foi separado do último pela verdade da palavra de Deus (João 17:17). Aqueles que desejam ganhar dignidade aos olhos dos intelectuais do homem usando o emblema de “neutralidade”, somente farão isso à custa de recusar ser separado pela verdade de Deus. No reino intelectual eles seriam absorvidos para o mundo, de forma que ninguém poderia lhes dizer a diferença entre o seu pensamento e suposições dos pensamentos e suposições apóstatas. A linha entre o crente e o incrédulo seria obscurecida.
Tal indiscriminação na vida intelectual de uma pessoa não somente impede o conhecimento genuíno (cf. Provérbio 1:7) e garante o engano vão (cf. Colossenses 2:3-8), mas também é absolutamente imoral.
Em Efésios 4:17-18, Paulo ordena aos seguidores de Cristo que eles “não mais andem como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração”. Os crentes cristãos não devem andar, nem devem se comportar ou viver, numa forma que imite o comportamento daqueles que não são redimidos; especificamente, Paulo proíbe o cristão de imitar a vaidade[1] de mente dos incrédulos. Os cristãos devem rejeitar pensar ou raciocinar de acordo com uma tendência ou perspectiva mundana. O agnosticismo culpável dos intelectuais do mundo não deve ser reproduzido por cristãos, alegando-se neutralidade; esta perspectiva, esta abordagem da verdade, este método intelectual evidencia um entendimento obscurecido e um coração duro. Ele recusa se curvar diante do Senhorio de Jesus Cristo em todas as áreas da vida, incluindo a erudição e o mundo do pensamento.
Uma pessoa deve fazer esta escolha básica em seu pensamento: ser separado pelaverdade de Deus ou ser alienado da vida de Deus. Não se pode escolher os dois caminhos. Uma pessoa será separada, posta contra, ou alienada do mundo ou da palavra de Deus. Ele permanecerá em contraste com o método intelectual que ele recusa seguir.
Ele recusará seguir a palavra de Deus ou recusará seguir a tendência vã dos gentios. Ele distingue a si mesmo e ao seu pensamento por contraste para com o mundo ou para com a palavra de Deus. O contraste, a antítese, a escolha é clara: ser separado pela palavra verdadeira de Deus ou ser alienado da vida de Deus. Ou se tem “a mente de Cristo” (1Coríntios 2:16) ou “a mente vã dos gentios” (Efésios 4:17, versão do autor). Ou “levamos cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Coríntios 10:5) ou continuamos como “inimigos [de Deus] no entendimento” (Colossenses 1:21).
Aqueles que seguem o princípio intelectual da neutralidade e o método epistemológico da erudição incrédula não honram o soberano Senhorio de Deus como deveriam; como resultado, o raciocínio deles é tornado vão (Romanos 1:21). Em Efésios 4, como temos visto, Paulo proíbe o cristão de seguir esta tendência vã. Paulo continua ensinando que o pensamento do crente é diametralmente contrário ao pensamento ignorante e obscurecido dos gentios. “Mas não foi assim que aprendestes a Cristo” (v. 20).
Enquanto os gentios são ignorantes, “a verdade está em Jesus” (v. 21). Diferentemente dos gentios que são alienados da vida de Deus, o cristão colocou de lado o velho homem e foi “renovado no espírito do seu entendimento” (v. 22-23). Este “novo homem” é distinto em virtude da “santidade [procedente] da verdade” (v. 24, versão do autor). O cristão é completamente diferente do mundo quando diz respeito ao intelecto e erudição; ele não segue os métodos neutros da incredulidade, mas pela graça de Deus ele tem novos comprometimentos, novas pressuposições, em seu pensamento.
Portanto, o cristão que busca a neutralidade em seu pensamento na realidade se encontra num esforço de apagar o fato de que ele é cristão! Negando seu compromisso religioso distintivo, ele se reduz aos padrões apóstatas de pensamento e é absorvido pelo mundo da incredulidade. Tentar encontrar um compromisso entre as demandas da neutralidade do mundo (agnosticismo) e as doutrinas da palavra de Cristo resulta na rejeição do Senhorio distintivo de Cristo, ao destruir o grande abismo que existe entre o pensamento do velho homem e aquele do novo homem.
Nem sequer tal compromisso é possível. “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6:24). Não deveria ser surpresa que – num mundo onde todas as coisas foram criadas por Cristo (Colossenses 1:16) e são sustentadas pela palavra do seu poder (Hebreus 1:3), e onde todo conhecimento está, portanto, depositado naquele que é A Verdade (Colossenses 2:3; João 14:6) e que deve ser o Senhor sobre todo pensamento (2Coríntios 10:5) – a neutralidade seja nada menos que imoralidade. “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4).
Você tem a coragem de defender seus distintivos cristãos na erudição, apologética e nos estudos, ou você está tentando eliminar o contraste entre o pensamento cristão e o apóstata ao seguir as demandas da neutralidade? Posta na perspectiva bíblica, esta pergunta pode ser reformulada da seguinte forma: o seu pensamento opera debaixo do Senhorio de Jesus Cristo ou você tem se tornado um inimigo de Deus através de padrões de pensamentos neutros, agnósticos e incrédulos? Escolha hoje a quem você servirá!
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