Ao mesmo tempo, o protestantismo humanista, que se iniciou com a erupção da alta crítica alemã, está se movendo, por sua parte, cada vez mais na mesma direção. Existe um notável paralelo entre o que sucede no campo liberal católico-romano, e o que se passa no protestantismo. Assim como o antigo catolicismo romano humanista está se transformando no humanismo ainda mais aberto do catolicismo romano liberal, também o antigo protestantismo liberal está desenvolvendo um novo liberalismo. Desde a aparição da teologia kierkegaardiana, isto é, a chamada neo-ortodoxia, se utiliza mais a palavra “Deus”, assim como outros termos religiosos, porém significa menos. No velho protestantismo liberal, as coisas eram, ao menos, certas ou falsas — no espaço, tempo e história —, de um modo que qualquer um poderia entender. No novo protestantismo liberal, a imprecisão que se pode notar nas obras de Teilhard de Charlin, é igualmente aparente. As afirmações do bispo Pike, da Califórnia, devem ser entendidas neste contexto teológico. Ele tem levado simplesmente o novo liberalismo de Kierkegaard, Barth, Brunner e Niebuhr a suas conclusões lógicas, porém falando numa linguagem clara, isenta de termos técnicos, de maneira que a força completa do lendário novo mundo religioso do liberalismo pode ser percebida pelo não especialista. Bultmann e Tillich têm feito o mesmo, conduzindo o pensamento de Kierkegaard a suas conclusões lógicas; e no caso de Tillich, parece provável que ele tenha ido mais longe do que Pike, porém suas obras estão escritas com uma terminologia tão elevada, que somente os que entendem podem dar-se conta da força do que foi escrito. Em todos os casos, a palavra “Deus” veio significando cada vez menos, até ao extremo de que uma pessoa deve se perguntar assombrada se nessa teologia há algum Deus. Esta é exatamente a direção que segue o catolicismo romano humanista em sua nova forma liberal, mostrada por Tielhard de Chardin. Devemos afirmar novamente, desta vez referindo-nos ao protestantismo liberal, que seu Deus não é o bíblico.
No pensamento oriental, a “justificação da vida” é a meditação. Isto não significa que meditando se encontre algo necessariamente, mas que a meditação como tal, dá à vida humana um aparente propósito e significado. No novo liberalismo se encontra a fé, desde Kierkegaard, como um passo nas trevas, como a justificação da vida. Isto está mais em consonância com a mente ocidental que a meditação, porque o passo nas trevas incumbe à ação e, portanto, à vontade de sofrer pela própria ação. Porém, basicamente é o mesmo: o passo nas trevas traz a justificação da vida, e a terminologia religiosa vem sempre sendo usada cada vez mais para que pareça dar um propósito à vida. Porém, nunca se está seguro se nela há realmente algum significado, e a própria palavra “Deus” se torna mais e mais vaga, até desaparecer até mesmo a distinção entre um Deus pessoal ou impessoal. Neste ponto, o catolicismo romano e o protestantismo liberal humanista, ambos em sua nova forma, estão perto de se unirem; e em termos de humanismo, ambos estão relacionados com o conceito clássico grego de idéias e ideais, assim como com os conceitos orientais.
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